Ponto de Vista: Falta de sensibilidade da equipe econômica ocasionou redução na safra 2004/2005

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(*) Moacir Micheletto

No artigo desta quarta-feira, 14 de setembro, vou abordar um assunto de extrema importância para a agricultura brasileira: a redução da produção brasileira de grãos para a safra 2004/05 que foi estimada pela CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) em 113,5 milhões de toneladas, sendo 4,7% menor do que a da safra 2003/04, que foi de 119,1 milhões de toneladas.

Essa redução se explica basicamente por dois fatores. O primeiro dos fatores foi provocado pela fortíssima estiagem que vitimou as regiões do centro – sul do país. A segunda causa foi provocada pela falta de sensibilidade da equipe econômica do Governo federal em atender as reivindicações que os produtores rurais vem fazendo desde o início do ano.

A falta de sensibilidade que a política econômica vem tendo para com os milhares de produtores rurais é tamanha, que nem parece que é o segmento rural o principal responsável pelos ótimos números alcançados pela economia brasileira desde 1995. As medidas contas gotas que vão sendo autorizadas e anunciadas pelo ministério da Fazenda não resolvem os problemas. Acabam funcionando de maneira canhestra.
Embora esse processo seja ruim para a agricultura nacional, nós temos que aplaudir o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, pois, ele vem demonstrando a cada dia o seu conhecimento e a sua preocupação para com o segmento rural. Se a agricultura não é atendida plenamente não por culpa dele. A culpa é do processo moroso do ministério da Fazenda que às vezes parece não enxergar a importância social e econômica que o segmento rural exerce no país.


Entretanto, a situação é de alerta e não de caos, o que significa que essa redução da safra somente ocorreu porque os produtores, em sua maioria vitimados por uma das maiores secas da história do país, sem dinheiro para investir num novo plantio e com a indefinição da renegociação das dívidas rurais como securitização e do Pesa por exemplo, transformaram o cenário atual num retrocesso da produtividade agrícola do país. Desta forma perdemos todos da agricultura, mas, perdemos muitos mais quanto ao desenvolvimento do Brasil.


Com a produtividade agrícola do país em declínio, mesmo que seja por apenas uma safra, significa que novos empregos não são gerados, que a renda diminui e por conseqüência cai o consumo. Não interessa a ninguém que um dos principais segmentos econômicos da nação esteja em crise. Se há crise existem soluções. A redução da safra poderia ter sido bem menor com relação a última, isso se as reivindicações dos produtores fossem plenamente atendidas em tempo hábil. E não foi isso que ocorreu.


Que esse momento seja um aprendizado para todos do setor rural, mas, que principalmente ensine aos membros da equipe econômica do Governo federal que quando um segmento econômico da importância do meio rural estiver em crise que se resolva com brevidade e com celeridade todos os problemas que afetam esse segmento. O Brasil não pode se dar ao luxo de retroceder na produtividade agrícola, pois, nós somos um país vocacionados em produzir cada vez em maior número os alimentos da nossa gente e do mundo.

(*) Moacir Micheletto, engenheiro agrônomo e vice-presidente da Faep, é deputado federal

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