Ponto de vista: Cooperativismo e a Representação Política

  • Artigos em destaque na home: Nenhum
Por Hugo Biehl (*)

O Brasil experimenta uma verdadeira transformação. Depois de várias sucessões na Presidência da República o novo governo promove mudanças estruturais. Na fase da expectativa pela implementação das políticas defendidas pelo PT durante a vitoriosa campanha eleitoral, ocorreram reações como a alta do dólar e do índice "Risco Brasil". Com a composição do Ministério e a posse efetiva, as expectativas em relação ao Governo Lula foram gradualmente revistas. Agora, com quase seis meses de governo, consolida-se uma postura, em que a responsabilidade de governar não inibe o governo de defender soluções que, enquanto oposição, combatia com determinação.

A mudança mais significativa está por conta da postura imposta ao PT. Se antes a Globalização era questionada e a ALCA rechaçada, os acordos de comércio internacional que agora são prometidos abrem o caminho para negociações maduras e racionais, diante dos interesses do Brasil no conturbado ambiente do mercado internacional. Também as Reformas Constitucionais, antes combatidas, tem agora o próprio PT como articulador de alianças políticas para garantir aprovação. A punição aos militantes rebeldes do PT, que insistem em repetir o discurso da campanha eleitoral, dá bem a dimensão do inusitado que assistimos e permite avaliar as suas repercussões para a sociedade.

Na composição do Ministério, o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva sinalizou sua determinação de fortalecer a política petista de prioridade para o social. Nos ministérios de maior penetração no social, o comando majoritário é do PT, tendo inclusive criado mais ministérios que permitiram acomodações políticas. (Dutra, Genro, Benedita, Graziano, Fritch). É um nítido direcionamento para garantir dividendos eleitorais em áreas de governo que lidam diretamente com as massas carentes.
A política econômica foi mantida inalterada porque o cenário de expectativas não suportava maior risco inevitavelmente presente na implementação de experiências novas. Também aí a surpresa geral ao ver prestigiado, para presidir o Banco Central, um deputado federal eleito pelo PSDB e ligado aos banqueiros, estes antes tão duramente combatidos.

No setor produtivo, Agricultura e Desenvolvimento Econômico, as escolhas recaíram sobre lideres setoriais e sem filiação partidária. Roberto Rodrigues e Luiz Furlan têm a responsabilidade de conduzir áreas em que qualquer resultado desfavorável é imediatamente percebido e questionado. Uma responsabilidade transferida com muita oportunidade, para desfazer expectativas desfavoráveis dada a tradicional postura crítica do PT frente aos que empreendem com a força do capital, quer no campo ou nas indústrias.

Em ambiente de mudanças, surgem oportunidades que o Sistema Cooperativo, liderado pela OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, precisa aproveitar. O Presidente da República dá sinais evidentes que aposta no cooperativismo para a sua ação de governo. Neste curto período muitas medidas já foram implementadas, com destaque para a alteração da legislação que regula o funcionamento das cooperativas de crédito. Ainda assim, também com o prestígio da presença do cooperativista Roberto Rodrigues - Ministro da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, há setores no governo falando em "cooperativismo autêntico" e negociações como as do PIS/COFINS somente aconteceram, até o estágio presente, depois de muita negociação política, intermediada pelos parlamentares que lideram a FRENCOOP.

O cenário de mudanças é também um cenário de oportunidades que exige a permanente atenção para administrar eventuais conflitos em relação à legislação, cujas conquistas são fundamentais e amparam o desempenho que as cooperativas hoje exibem.
A representação política no Congresso Nacional, liderada pela FRENCOOP, é reconhecida como a responsável pelos avanços na legislação e que projetaram o Sistema Cooperativo. Deste os dispositivos constitucionais até as conquistas mais recentes, como a renegociação das dívidas das cooperativas agrícolas (RECOOP), da criação do SESCOOP, das negociações do PIS/COFINS, dentre outras, todas são conquistas creditadas ao respaldo da representação política no Congresso Nacional.
Com esta compreensão o Sistema OCB/SESCOOP está atuando pelo fortalecimento da Frente Parlamentar do Cooperativismo - FRENCOOP, tendo em vista a consolidação da representação parlamentar no Congresso Nacional.

Atualmente a FRENCOOP, conta com a adesão de 221 parlamentares no Congresso Nacional (214 deputados e 11 senadores). O fortalecimento desta representação é uma meta do Sistema OCB/SESCOOP e, através da mobilização das OCEs, será intensificados a interação do Sistema com os parlamentares. A atuação dos parlamentares em defesa do Sistema será prestigiada, de modo a que os associados das cooperativas, informados da importância desta parceria, também sejam mobilizados para a sustentação política destes parlamentares.

(*) assessor parlamentar da OCB e ex-deputado federal,

Conteúdos Relacionados