Para Miriam Leitão, o Brasil vai muito bem, mas...

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Falando nesta quinta-feira (10) à noite em Maringá, a jornalista especializada em economia, Miriam Leitão, afirmou que o País está no rumo certo, apresentando números que considera "bastante positivos". Ao seu ver, o governo Lula agiu correto em não promover mudanças significativas na economia, o que tranqüilizou os mercados e possibilitou ao País desenvolver uma trajetória ascendente. Em 2004, cita ela, o Brasil e as outras nações emergentes tiveram crescimento, puxados em grande parte pelo momento mundial que também foi de expansão.

Vendas maiores - As exportações nacionais apresentaram volume recorde, com excedente de US$ 34 bilhões, sendo que no primeiro trimestre de 2005, mesmo com a forte queda do dólar, o desempenho tem sido superior ao dessa mesma época no ano passado. Em janeiro e fevereiro, para se ter idéia, as vendas externas cresceram 32% em comparação com os dois primeiros meses de 2004 e, em março, estão sendo 22% acima em relação ao mesmo mês no ano passado. Só as vendas de aço - com preço 70% acima do que foi praticado em 2004 - devem atingir US$ 8 bilhões.

Consumo em alta - A jornalista apontou que o risco Brasil, atualmente na faixa de 380 pontos, nem se compara aos 2.400 pontos alcançados quando do início do governo Lula. Da mesma forma, a dívida brasileira caiu para 51% do PIB - era de 61% no final da era Fernando Henrique Cardoso - e a inflação deve fechar 2.500 ao redor de 6%, índice aceitável em países civilizados. O consumo poderá repetir em 2005 o mesmo índice de crescimento de 2004, de 4,3% (lembrando que no primeiro ano de Lula houve decréscimo de 1,5%). Os investimentos permanentes chegaram a US$ 16 bilhões no ano passado, contra US$ 31 bilhões no melhor momento do governo FHC alavancados pelo processo de desestatização).

Problemas - Tudo vai bem no Brasil? A opinião da jornalista é que o país está melhorando, mas há problemas cruciais que precisam ser resolvidos. O primeiro deles é a elevadíssima taxa de juros. "Enquanto a maior parte dos índices da economia apontam para níveis aceitáveis, a taxa de juros imposta pelo Copomé simplesmente escandalosa", disse Leitão, acreditando que deverá subir ainda mais, dos atuais 18,5% para 19%. "Possivelmente começará a haver uma redução no segundo semestre, o que dependerá de vários fatores", acrescentou. Outro problema grave, segundo ela, é a sufocante carga tributária, que empurra grande número de empresários e trabalhadores para a informalidade. "Não há como trabalhar honestamente, recolhendo todos os impostos. Para muitos setores, isto é praticamente impossível", disse ela. No governo militar, os impostos subiram10 pontos percentuais em relação ao período anterior e evoluíram outros 10 pontos percentuais somente no governo FHC, continuando a subir abusivamente na gestão do presidente Lula. "O governo se utiliza de muitos truques para elevar os impostos".

Sangria - Por outro lado, a dívida brasileira é onerada com os juros mais caros do planeta, ao redor de 11% ao ano, o que representa uma imensa sangria de recursos. Para se ter idéia, o México paga9% e a média dos países emergentes é de 2,1%.

Potencial - "Mesmo com todos esses problemas é preciso continuar acreditando no Brasil, cujo potencial é muito grande", enfatizou a jornalista, lembrando que em 2030 o país poderá estar entre as mais importantes economias mundiais. "O Brasil não pode ser considerado um país pobre, pois está entre os 25% mais ricos do mundo. Ele é,isto sim, um país de gente pobre", comentou. "Além disso, os recursos naturais brasileiros fazem com que sejamos muito respeitados", enfatizou ela, lembrando que o Brasil detém 15% da água doce do planeta, um bem cada vez mais escasso em outros países. No entanto, por conta das queimadas na Amazônia - que consomem em florestas o correspondente a um Estado de Alagoas por ano - ,o país já é o 6° maior poluidor mundial. "Se o Brasil fosse um banco, um investimento, eu não teria dúvidas em aplicar meu dinheiro nele", finalizou Miriam Leitão, que é editora sênior da Rede Globo, apresentadora da GloboNewse colunista do jornal O Globo. O evento em Maringá, que reuniu cerca de 800 participantes no Teatro Calil Haddad, foi promovido pela Associação Comercial e Empresarial de Maringá (ACIM) com apoio de várias empresas, entre elas a Cocamar. (Flamma Comunicação)

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