Para canadenses, mais que competidor, Brasil é uma \"ameaça\"

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De acordo com o secretário geral da Federação das Cooperativas de Québec - Canadá, Claude Lafeur, integrante de uma comitiva de dirigentes cooperativistas canadenses, que desde segunda-feira (13), está visitando cooperativas do Paraná, mais do que um competidor, o Brasil é visto como uma ameaça. Durante visita à Cocamar ontem (13) Lafeur afirmou que a abertura do mercado internacional poderá significar o fim da atividade para grande número de pequenos produtores canadenses. Eles simplesmente não teriam como enfrentar a concorrência dos brasileiros que, em alguns setores, como a suinocultura, têm custo de produção três vezes menor. Hoje, o Canadá mantém uma sobretaxa de até 300% para produtos como leite, frango e ovos, como forma de proteger seus agricultores. Claude Lafeur cita, com preocupação, que o Brasil, que nos últimos tempos tem obtido várias conquistas junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), está pleiteando a supressão daquela tarifa.

Concorrência predatória - O presidente da Cooperativa Federada de Québec, Denis Richard, que também participa da viagem, acrescenta que além da entrada no cenário de países altamente competitivos, como o Brasil, o próprio cooperativismo do Canadá enfrenta a concorrência predatória de grandes redes multinacionais, como Wal-Mart e Carrefour, que assediam os produtores para fazer compras diretamente, desestimulando-os em relação ao sistema cooperativista. Richard defende uma ação internacional através da união de cooperativas de vários continentes para torná-las mais fortes e tentar reverter essa situação.

Números - A Cooperativa Federada de Québec funciona como uma central, integrando 99 cooperativas e 62 mil produtores – com área média de 150 hectares - na região que apresenta o cooperativismo mais desenvolvido daquele país. Eles dedicam-se à produção de leite, carnes e produção de grãos. Só 10% possuem empregados e os demais contam exclusivamente com a mão-de-obra familiar. Claude Lafeur observa que as dificuldades enfrentadas pelo campo estão afastando os jovens. Segundo ele, comprar tecnologia para manter a competitividade acaba custando muito caro. A cooperativa, além de atuar em todos os setores da cadeia produtiva – na pecuária, por exemplo, está presente desde a genética até a colocação dos produtos nos pontos de venda – abatendo 1,5 milhão de frangos por semana e 70 mil suínos/semana - faz o fornecimento de todo tipo de insumo aos produtores e opera também, de forma intensa, na capacitação técnica.

Indústrias
- Em Maringá, o grupo canadense conheceu o parque industrial da Cocamar e visitou alguns entrepostos da cooperativa na região, onde manteve contato com agricultores e não resistiu à curiosidade de examinar de perto uma lavoura de cana. Denis Richard elogiou a estrutura da Cocamar e disse ter ficado impressionado com o modelo de cooperativismo praticado aqui, que “é muito forte”, completou. O interesse em visitar as cooperativas paranaenses originou de uma palestra sobre o potencial do agronegócio brasileiro feita no início do ano por uma professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ely Mitie Massuda, que atualmente faz doutorado naquele país. Depois da Cocamar, o grupo, de cooperativistas canadenses, composto por 11 pessoas, visitam nesta terça-feira (14) a Coamo em Campo Mourão, a Copacol em Cafelândia dia 15, Coodetec e Coopavel, dia 16, Lar em Medianeira, dia 17. O retorno para o Canadá está programado para o dia 21.

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