Países em desenvolvimento vencem primeira batalha na OMC
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O grupo dos 21 países em desenvolvimento, que defende uma ambiciosa liberalização do comércio agrícola, ganhou na quarta-feira sua primeira batalha na conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Cancún, após a entidade decidir considerar seu ponto de vista como base para as negociações, afirmou o chanceler brasileiro, Celso Amorim. "Vencemos a primeira batalha, estou mais satisfeito hoje do que estava ontem", disse Amorim à imprensa. "Pelo menos agora as idéias serão discutidas em pé de igualdade". O chanceler mexicano, Luis Ernesto Derbez, que preside a conferência ministerial da OMC em Cancún, destacou que várias posições serão consideradas nas negociações agrícolas, e não apenas o rascunho oficial elaborado pelo presidente do Conselho Geral da OMC, o uruguaio Carlos Pérez del Castillo. O rascunho se baseia no plano conjunto apresentado pela UE e Estados Unidos e sugere o fim das subvenções à exportação de produtos agrícolas específicos.
Países desenvolvidos - A União Européia (UE), por sua vez, afirmou que não se nega a debater as propostas sobre agricultura apresentadas pelos países em desenvolvimento reunidos no Grupo dos 21, mas considera que são "equivocadas". "Concordamos em dar vantagens aos países em desenvolvimento, mas temos o sentimento de que alguns poderosos exportadores querem criar uma situação, na qual o mundo desenvolvido daria tudo", disse o representante no primeiro dia da conferência ministerial da OMC. O Grupo dos 20 (G-20), que teve a adesão do Egito ontem e se transformou no G-21, nasceu da resposta de alguns países em desenvolvimento à proposta comum apresentada em 13 de agosto pela UE e Estados Unidos para sair do impasse da negociação agrícola. O tema é considerado como elemento-chave para o êxito das negociações comerciais multilaterais lançadas em Doha em novembro de 2001.
Proposta do G-21 - O documento, divulgado em Genebra num primeiro momento, no dia 25 de agosto, insiste quase que exclusivamente nos compromissos que os países desenvolvidos devem ter, como a eliminação total das subvenções à exportação.
Integrantes do G-21 - Fazem parte do G-21 Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Índia, México, Paraguai, Peru, Filipinas, Tailândia, África do Sul, Cuba, Paquistão, El Salvador, Venezuela e Egito.
Proposta Norte-Americana - O representante para o Comércio americano
Robert Zoellick destacou hoje que os Estados Unidos estão prontos para
realizar importantes concessões nas negociações sobre a
liberalização agrícola desde que outros países façam
ao mesmo. "Queremos eliminar os subsídios às exportações
e estamos prontos para reduzir consideravelmente nossas subvenções
e tarifas alfandegárias (no setor agrícola) se outros fizerem
o mesmo", destacou Zoellick, em seu discurso na abertura da conferência
da OMC. Lembrando a "recuperação do crescimento econômico
americano" há alguns meses, acrescentou que "a liberalização
do comércio pode tirar proveito desta recuperação, isto
pode ajudar a produzir um crescimento duradouro e mais equilibrado". "O
comércio pode trazer crescimento e desenvolvimento para os países
que aceitem abrir suas economias e suas empresas", avaliou Zoellick. "Se
queremos ter sucesso nos próximos dias, devemos cooperar. Cada um de
nós tem um voto e uma responsabilidade", concluiu. (Fonte: AFP)