Os problemas do Porto de Paranaguá

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Ninguém nega que, graças aos investimentos realizados nos últimos anos nos Portos de Paranaguá e Antonina, a velocidade de movimentação de cargas melhorou. Mas, se as filas de caminhões desapareceram em função de estratégia adotada pela Adminmistração dos Portos, a situação continua crítica: nesta sexta-feira pela manhã, por exemplo, havia 15 navios atracados e outros 48 ao largo, aguardando vaga. A imprensa paranaense vem dando destaques aos problemas que envolvem necessidade de investimentos, filas de navios, aumento do embarque de milho, recorde do risco portuário e análises da soja para detectar possíveis cargas transgênicas. A diretoria da Ocepar, que nesta segunda-feira realiza reunião ordinária em Curitiba, vai aproveitar para conversar sobre os problemas do porto com o vice-governador e secretário da Agricultura Orlando Pessuti.

Movimentação dobrou - Nos últimos nove anos a movimentação de cargas pelos portos de Paraqnaguá e Antonina praticamente dobrou, passando de 17,4 milhões de toneladas em 1994 para 33,5 milhões de toneladas no ano passado. Neste ano a safra de milho que está sendo exportada por Paranguá está sendo culpada pelo congestionamento. A administração diz que de janeiro a começo de março do ano passado o porto recebeu 4 mil caminhões, enquanto neste ano o número chegou a 24 mil. De fato, as exportações subiram: 15 milhões de toneladas de grãos em 2002; 21 milhões em 2003 e previsão de 25 milhões para este ano.

Investimentos - Os investimentos, infelizmente, não acompanharam o ritmo dessa expansão. A administração dos portos de Paranguá e Antonina não conseguiu obter, ontem, o total dos recursos investidos nos últimos anos, mas publica em sua página na Internet o que planeja para os próximos anos: R$ 160 milhões apenas no cais oeste, o que permitirá ampliar em 30% a velocidade de movimentação de cargas. As obras devem estar concluídas em 2005. O total dos investimentos previstos pelo atual governo chegam a R$ 200 milhões. O diretor técnico do porto, Ogarito Linhares reconhece que a velocidade de embarque, de 50 mil toneladas/dia, está aquém da capacidade, que é superior a 100 mil toneladas (foi de 108 mil em 2003). Porto, sindicalistas e traders dão explicações várias para o que ocorre: chuva, falta de produto para carregar os navios que atracam, análise de cargas para verificar se há produtos transgênicos, exportação de milho, etc.

O milho, meio culpado - De fato, o milho tem parte da culpa: em 2003, de janeiro a março foram exportadas 121 toneladas, enquanato que neste ano, no mesmo período, foram exportadas mais de 1 milhão de toneladas, ou dez vezes mais. Por outro lado, o porto movimentou menos soja neste ano que no mesmo período do ano passado: 136 mil toneladas em 2004 contra 201 mil toneladas em 2003. O presidente do Sindicato dos Operadores Portuários de Paranaguá, Edson Aguiar, diz que vários fatores influenciam na formação da fila. "Além da carga de trabalho atípica, em janeiro um dos três berços de atracação do corredor de exportação passou por manutenção, diminuindo a capacidade de embarque", disse. Segundo ele, "há uma situação constante de preocupação com os prazos contratuais". Aguiar diz que mesmo que nenhum novo navio chegasse, a fila demoraria três semanas para acabar.

Risco portuário - Exportadores calculam que em função da demora nos embarques da safra, cada saca de soja tem uma desvalorização próxima a R$ 10,00. É culpa do "risco portuário", que no caso de Paranaguá alcançou 150 pontos. Traduzindo em dinheiro, para exportar por Paranaguá há um prêmio negativo de US$ 1,50 por bushel. O prêmio é positivo quando o mercado confia na infra-estrutura portuária. A situação indica, portanto, que o mercado não confia nas atuais condições do porto. Culta de quem? De uma série de fatores, já mencionados acima, alguns acumulados ano a ano.


Movimento geral dos porto de Paranaguá e Antonina entre 1994 a 2003

Ano

Carga geral

Granéis sólidos

Granéis líquidos

Total

1994

2.862.579

10.821.270

3.731.289

17.415.138

1995

2.972.690

10.716.544

3.510.031

17.199.265

1996

2.905.086

12.277.846

3.172.875

18.355.807

1997

3.367.243

13.566.431

2.770.402

19.704.076

1998

3.069.538

14.100.231

2.959.821

20.129.590

1999

3.191.441

12.600.399

3.532.969

19.324.809

2000

3.631.881

14.104.655

3.619.776

21.356.312

2001

4.280.842

21.167.704

3.351.943

28.800.489

2002

5.026.933

19.516.020

3.975.596

28.518.549

2003

6.252.530

22.977.908

4.325.989

33.556.427

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