Opinião: Não desprezar a atividade rural

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Por Edson Neme Ruiz (*)


Em meio à turbulência política que se vive no momento, face às denúncias de corrupção no círculo governamental em Brasília, e, como consequência, a paralisia do Governo, há um Brasil que caminha, mesmo que sofrendo atropelos. Figuram entre as atividades que não cessam, em produção e qualidade, a agricultura e a pecuária. Mas é oportuno o alerta feito na Folha Rural pelo pesquisador da Embrapa/Soja em Londrina, Amélio Dall'Agnol, mostrando que os produtores rurais estão calados e apreensivos. Porque os custos da produção subiram, os preços dos produtos caíram e as dívidas se acumularam.

Conforme declaramos algum tempo atrás, o Brasil tem elevado superávit na balança comercial exterior, motivado sobretudo pelas exportações de produtos agrícolas e pecuários, mas o homem do campo não é o usufrutuário central disso. O pesquisador da Embrapa declara que melhor seria o reconhecimento interno da atividade do campo, traduzido em desenvolvimento da propriedade, materializado em máquinas novas e dívidas saldadas.

Mas o produtor rural não deve esmorecer. ''O Brasil caminha para ser o grande provedor de alimentos para a humanidade'', declarou destacado comissário das Nações Unidas. E não apenas essa autoridade mundial, mas outras manifestações externas semelhantes referem-se à produção brasileira de alimentos como a potencial salvadora do mundo. Tal é verdadeiro e se dá pela grande extensão de área cultivada, pelas terras férteis, pelo clima propício, pela alta produtividade e sobretudo pela presença de um povo capaz e trabalhador.

Um tão destacado setor, capaz por si só de garantir a paz social pela produção de alimentos, pelos empregos que proporciona (mais que outras atividades) e pela destacada contribuição na captação de divisas, deveria independer do contínuo estado reivindicante. O que ocorre é o contrário, o de estar sempre em luta e não receber muito atendimento.

Parece que o produtor rural deve ser punido por produzir riqueza, mas os governantes e demais homens públicos deste país, e boa parte da população, não imaginam que a nação se enriquece por via da atividade do campo - e esta é uma louvável e compensadora constatação, do ponto de vista patriótico - mas os agricultores e pecuaristas não são os grandes beneficiados e passam por dificuldade. A nação tem um dever de gratidão para com a atividade rural, que exerce missão divina por ser produtora de alimentos, e por isso merece atenção permanente.

(*) Edson Neme Ruiz é presidente da Sociedade Rural do Paraná e do Conselho das Sociedades Rurais do Paraná

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