Opinião: Mulheres de Negócios

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Opinião: 

 

Mulheres de negócios

 

Conteúdo: Há bons motivos para comemorar e boas razões para refletir diante de números divulgados neste final de ano. Cerca de 6,5 milhões de mulheres estão à frente de seus próprios negócios no Brasil, de acordo com pesquisa divulgada pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em parceria com o Sebrae. A presença da mulher no mundo dos negócios aumenta nas pequenas e grandes empresas e nos mais diversos ramos de atividades, do cooperativismo, onde ainda há muito a conquistar, ao setor de franquias.

Dado curioso da pesquisa: enquanto os homens abrem seu próprio negócio pensando na rentabilidade, as mulheres buscam unir lucro com o prazer de fazer o que gostam. O resultado traduz, além do espírito empreendedor, o espírito de independência da mulher. A maioria quer ter sua renda e estar à frente das decisões, mesmo que, às vezes, tenha de cumprir dupla jornada, no comando de seu negócio e na administração da casa.

Ainda de acordo com a mesma pesquisa, a participação feminina no comando de empreendimentos saltou de 29%, em 2000, para 46%, em 2003. Os dados de 2004 ainda não estão fechados. Motivo de reflexão é o fato de 42% das mulheres consultadas terem optado por negócios próprios por falta de postos de trabalho. Em outras palavras, foram à luta e não ficaram esperando a tão sonhada expansão da economia e a geração de mais empregos. Com o crescimento do PIB em 2004 "5,3% no acumulado dos nove primeiros meses do ano ", abre-se ainda mais espaço para os empreendedores.

Um exemplo de onde as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer e amplas oportunidades de mostrar sua força é o cooperativismo. De acordo com levantamento da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a participação de dirigentes mulheres está limitada a 12%, contra 87% de dirigentes homens (1% das cooperativas não entraram no levantamento). Em relação ao quadro de cooperados, a participação feminina é de 25% e a masculina, de 75%. Já no quadro de empregados de cooperativas, 40% são mulheres e 60%, homens.

O cooperativismo também está, cada vez mais, se transformando em alternativa aos ainda altos índices de desemprego e perda de renda. Com a expansão do PIB, a taxa de desemprego caiu de 12,9% em outubro do ano passado para 10,5% em outubro deste ano, mas ainda constitui um dos mais graves desafios do governo Lula. Outro problema grave é a queda de renda do brasileiro, de acordo com levantamento feito pelo secretário do Trabalho da Prefeitura de São Paulo, Márcio Pochmann, com base em números do IBGE referentes a 2003. Ele constatou que 29,3 milhões de trabalhadores fazem horas extras, 6 milhões de aposentados continuam na ativa e 3,8 milhões de pessoas têm mais de um emprego. Na cooperativa, vale enfatizar, a renda é maior porque os encargos são menores.

A nós, mulheres, cabe lutar para conquistar cada vez mais espaços, mesmo que, ao lado de nossos negócios, de nosso trabalho, tenhamos que dar conta de nossas responsabilidades com a família, com os filhos. Mas essa é outra história.

 

Marta Reis

Presidente da central de cooperativas Corporis Brasil

 

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