OPINIÃO: Exportar e investir em infra-estrutura - João Paulo Koslovski (*)

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Estamos vivendo um momento de grande euforia em relação ao processo de dinamização das exportações brasileiras. Até o presidente Fernando Henrique Cardoso foi enfático em afirmar "Exportar ou morrer". É evidente que isto é bom, pois o Brasil tem se apresentado no contexto mundial do bolo das exportações com um percentual inferior a 1 por cento.

Mas se por um lado exportar é importante porque gera divisas, cria empregos, contribui para o equilíbrio da balança comercial, enfim, age como um importante instrumento de política econômica para toda sociedade. Por outro lado nos perguntamos por que não exportamos mais? É óbvio que temos alguns problemas, além das tradicionais restrições impostas pelos países desenvolvidos aos produtos brasileiros como o aço, suco de laranja, café, carnes, açúcar. Nos faltam, além de uma cultura voltada à exportação (que começa a desabrochar), resolver nossa deficiência na infra-estrutura e implantar programas fortes voltados à industrialização e agroindustrialização.

Por exemplo, se hoje ampliarmos a nossa produção agropecuária em 10% - que tem sido o grande destaque de nossas exportações, com mais de US$ 13 bilhões líquidos de saldo na balança comercial brasileira - já teremos sérios problemas na armazenagem, no transporte da safra e estrangulamento nos portos, como os verificados na última safra.

A melhoria das condições da infra-estrutura é uma questão que deve ser analisada com mais profundidade pelo governo e pelo setor empresarial. Para ampliarmos os nossos índices de participação no mercado internacional temos que investir na criação não apenas de uma cultura voltada à exportação, mas especialmente na solução dos entraves que impedem tal conquista.

E ampliando um pouco esta discussão, hoje inúmeras pessoas que atuam no setor produtivo primário têm colocado com muita propriedade a questão da necessidade imperiosa que temos na ampliação do mercado interno. E aqui cabe uma reflexão também profunda: será que este não é um caminho mais seguro e de rápida resposta? Segundo estudos, a cada real de aumento de salário que o trabalhador mais modesto recebe a mais, 68% são gastos com alimentos. Este número evidencia que se tivermos um política de melhoria de renda da população mais carente, certamente teremos um significativo aumento do consumo de alimentos com a conseqüente dinamização de toda nossa economia tanto no setor primário, como secundário e terciário.

Entre exportar ou investir em infra-estrutura, com a melhoria das condições de renda da população, eu fico com as 2 opções mas, olhar com mais carinho o mercado interno e melhoria da renda da população é uma condição fundamental para que criemos no país as condições indispensáveis para pouparmos, ampliarmos o consumo e exportarmos os excedentes.

(*) Engenheiro agrônomo, presidente da Ocepar - Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná.

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