Opinião: A importância do cooperativismo de eletrificação rural

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A história do movimento cooperativo de eletrificação rural mostra que os grandes avanços e conquistas foram atingidos em momentos de muita mobilização com organização técnica e política. A inclusão social e o desenvolvimento regional sustentável foram bandeiras que sensibilizaram o poder público e a classe política nessa caminhada. Apesar da importância econômica e social, a solução para a sobrevivência do nosso sistema depende de decisão política e muita profissionalização dos nossos dirigentes e colaboradores.Lembramos sempre que não podemos comparar uma cooperativa com uma concessionária, porque estaríamos comparando empresas desiguais. As cooperativas: ü Representam apenas 0,7% do consumo (kWh) das concessionárias estatais e provadas;ü Atendem 620 mil famílias rurais, que equivalem a 1,3% do total de consumidores das concessionárias;ü Têm em média um fator de carga de 43 (característica rural), enquanto as concessionárias têm FC de 65 (característica urbana);ü Têm uma receita 5 vezes menor por quilômetro de rede, pelas características do seu mercado rural;ü Possuem, em média, 4 associados por quilômetro de rede, enquanto as concessionárias têm 20 consumidores por quilômetro de rede.No último mês realizamos duas reuniões de trabalho com nossa ministra das Minas e Energia, Dilma Roussef, que se comprometeu em criar um grupo de trabalho, coordenado por seu Ministério, com a participação da ANEEL e cooperativas, visando construir uma solução para os principais entraves são processo de regulamentação e regularização.Esse grupo de trabalho, através de estudos e dados consistentes das cooperativas grandes, médias e pequenas, irá simular a verdadeira situação das cooperativas antes da assinatura dos contratos de cooperativa autorizada e cooperativa permissionária de serviço público de energia.O Governo Lula deve apoiar e incentivar o cooperativismo, uma vez que vem propondo à sociedade brasileira um novo modelo para o setor elétrico, voltado para a inclusão social, onde o cooperativismo tem sido apontado como o grande instrumento do processo de mudanças.Urge de nossa parte realizarmos um diagnóstico das nossas cooperativas, em especial a situação dos sistemas elétricos e dos nossos recursos humanos. Vamos fazer o dever de casa. Vamos acreditar em nossa capacidade de gestão, pois a profissionalização e a responsabilidade social e comunitária estão entre os valores que nos diferenciam. Depende de nós.

Jânio Vital Stefanello – Representante do Ramo de Infraestrutura na OCB e Presidente da Coprel.
Artigo publicado no Cooperativas Jornal, edição do mês de Setembro de 2004.

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