Opinão: A COOPERATIVA COMO MODELO
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Wilhelm Jaeger (*)
“Sempre que os países tentam primeiro resolver os problemas sociais e depois os econômicos, não conseguem sair do subdesenvolvimento. O mesmo se aplica às cooperativas, que devem ser apenas sociedades de vantagens e não de distribuição ou caridade. Autogestão nada mais é do que a possibilidade de colocar em prática interesses pessoais e individuais dos cooperados”.
“Se quisermos alcançar um tipo de cooperativa de economia privada, caracterizado por um máximo de iniciativa própria e autogestão, temos de ter simultaneamente, também, uma base econômica de mercado. É justamente neste caso que os esforços e sacrifícios individuais serão recompensados através da cooperação. É isto que constitui a chave do sucesso para a cooperativa, contribuindo para sua estabilidade durante décadas, conforme comprovou a evolução na Europa. A cooperativa dentro da economia de mercado não elimina a concorrência, mas torna-a mais funcional (...)”
“A base para uma evolução de cooperativas bem sucedidas e estáveis é uma organização que se assenta sobres tríade: auto-ajuda, autogestão e responsabilidade participativa. Estamos portanto, perante homens livres que, com sua responsabilidade individual enfrentam uma tarefa comum, a fim de poderem progredir economicamente, com o total risco individual. É apenas esse o elemento que forja a união e vai fundamentar a necessária identificação dos membros com a sua cooperativa Se todos estiverem dispostos a produzir, cada um colherá as suas vantagens. Evidentemente haverá necessidade de um gerenciamento competente, a fim de que todas as atividades individuais possam subordinar-se ao objetivo comum para o bem de todos. Mas este gerenciamento deverá ser legitimado exclusivamente por meio dos membros e de suas expectativas em obter vantagens (...)”
“Dentro da economia de mercado não é fundamental que a cooperativa seja uma empresa, mas que ela tenha uma empresa, capacitando-se com isso a beneficiar seus cooperados economicamente por meio de atividades de mercado. Portanto, a empresa que pertence a uma cooperativa serve, conforme sua própria finalidade, exclusivamente aos membros cooperados. A empresa não busca, por exemplo, identificar-se com a localidade, mas com aqueles grupos que se associaram em tomo de objetivos comuns. A cooperativa não constitui um movimento social com objetivos políticos-sociais, mas constitui uma sociedade que cria vantagens para aqueles que nela cooperam ativamente. É isto que faz com que a cooperativa seja estável e produza bons resultados a longo prazo. Autogestão, portanto, implica em responsabilidade individual no que é comum a todos e não somente participação no todo ( ...)”
(*)Diretor
do Instituto de Cooperativismo da Universidade de Müster (Alemanha), que
visitou cooperativas brasileiras em 1991, a convite da OCB.Transcreveu suas
observações no livro As cooperativas brasileiras sob o enfoque
da moderna teoria da cooperação, do qual extraímos os textos
acima. O livro, que é o relatório da viagem de estudos que vez,
foi publicado pela OCB em 1995