A OMC (Organização Mundial do Comércio) iniciou ontem uma nova rodada de negociações para tentar diminuir as diferenças entre as posições dos países membros com relação à reforma no comércio internacional de produtos agrícolas. Para ativistas, a atual proposta é prejudicial aos agricultores dos países em desenvolvimento. O plano, preparado pelo mediador-chefe da OMC, Stuart Harbinson, vem sendo criticado tanto por países exportadores como por importadores de produtos agrícolas. Os países da OMC têm até o final de março para chegar a um acordo preliminar. Do lado dos exportadores, a queixa é que o documento de 26 páginas prevê mudanças lentas rumo ao verdadeiro livre comércio de seus produtos, apesar de prever o fim dos subsídios às exportações e das restrições tarifárias às importações.
Outros países consideram, pelo contrário, que a proposta vai longe demais e não poderá ser usada como base para um acordo. Os Estados Unidos, um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, disseram que a proposta ainda é incipiente e não vai levar "às reformas necessárias para um resultado bem-sucedido."
Rodada final - Essa reunião é uma das últimas chances para que os países resolvam suas diferenças antes que Harbinson apresente uma segunda proposta, no final do mês que vem. A rodada final de negociações começa em 24 de março. A União Européia considera que o plano anterior de Harbinson falhava ao não impor limites ao dinheiro que pode ser gasto em créditos à exportação e em ajuda alimentar -mecanismo que, segundo a UE, é usado pelos Estados Unidos para impor seus excedentes ao mercado mundial. Os europeus reclamam que, ao mesmo tempo em que deixa intactos alguns mecanismos de defesa das exportações norte-americanas, a proposta de Harbinson prevê um fim muito rápido para os subsídios da UE às suas exportações agrícolas. A proposta foi criticada também por mais de 50 ONGs, muitas delas de países pobres, que acusam Harbinson de não ter se preocupado com a segurança alimentar dos mais necessitados e com o desenvolvimento rural do Terceiro Mundo. (Fonte: Folha de São Paulo)