O exemplo do milho, agora para exportar trigo
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Como ocorreu há três anos com a cadeia produtiva do milho, as cooperativas do Paraná resolveram exportar trigo como forma de viabilizar a triticultura nacional. Na época, com o milho, devido aos baixos preços praticados no mercado interno, o Paraná iniciou um processo exportador que remodelou todo o padrão de formatação de preços. A cotação era definida basicamente pelas condições de oferta e demanda do mercado interno, com fortes oscilações em momentos de excesso e escassez de oferta, situação que não interessava aos produtores e nem aos consumidores. Como principal estado produtor de milho e aproveitando-se de sua localização geográfica estratégica, o Paraná começou então a viabilizar o processo de exportação, como forma de escoar a produção e garantir preço aos produtores.
Produção e estoque - De acordo com Robson Mafioletti, da gerência técnica da Ocepar, em dezembro de 2000 o Brasil detinha estoques elevados de milho e estava prestes a colher uma safra recorde em 2001, com produção de 42 milhões de toneladas. Nesse cenário, os preços negociados com o produtor estavam abaixo do mínimo da época, que era de R$ 7,42/saca. Assim, em 2001 o Brasil exportou 5,9 milhões de toneladas, em 2002 foram 2,5 milhões de toneladas e em 2003 estão previstos mais de 3,0 milhões de toneladas. Essa política, segundo Mafioletti, consolidou o Brasil no mercado internacional como fornecedor de milho de qualidade e garante preços competitivos. A conclusão, é que partir desta iniciativa o preço do mercado interno passou a ser formado com base no preço de paridade de exportação, o que proporciona maior liquidez no mercado interno.
Nova política também para o trigo - No caso do trigo, os últimos acontecimentos têm deixado o mercado estarrecido e perplexo, pois como maior importador de trigo mundial o Brasil ainda exporta trigo de excelente qualidade para o mercado internacional. O País importa aproximadamente 7 milhões de toneladas/ano, a um custo de US$ 1 bilhão. Contudo, para combater essa política de achatamento de preços, os primeiros negócios de exportação já ocorreram em outubro deste ano, com o embarque de trigo do Paraná e do Rio Grande do Sul para o Chile. Agora, para as próximas semanas, o pool formado por cooperativas paranaenses deve concretizar a exportação de 50 mil toneladas, buscando viabilizar uma nova dinâmica para a triticultura nacional. De acordo com Robson Mafioletti, até o momento os preços do trigo ao produtor são basicamente formados pela paridade do produto importado, com respectivos deságios colocados pela indústria nacional. Contudo, continua, essa situação começa a mudar, pois está se vislumbrando uma outra alternativa, até o momento não disponível, de sustentação e estímulo ao cultivo do trigo no Brasil, que é a exportação.
Paraná na frente - A avaliação do setor produtivo, é que assim como ocorreu com o milho, o Paraná sai mais uma vez na frente com trigo, buscando alternativas para viabilizar a triticultura nacional. Os paranaenses são responsáveis por 55% da produção nacional, com 2,7 milhões das 5,1 milhões de toneladas que devem ser colhidas no País. Na avaliação de Mafioletti, o Paraná contribui com o processo de se buscar auto-suficiência, reduzindo o déficit comercial brasileiro inerente às importações de trigo e consolidando o Brasil como exportador.
Audiência
Pública - Uma audiência pública na Câmara dos
Deputados, em Brasília, discute nesta quarta-feira (19/11) os problemas
de comercialização do trigo no País. A Ocepar estará
representada pelo seu diretor Luiz Roberto Baggio.