O crescimento do investimento no Brasil
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Dados divulgados no final do mês de junho pelo IBGE mostram que a taxa de investimento da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano foi de 19,3% do produto interno bruto (PIB), abaixo, portanto, da média histórica de 21% (1970-2003). A preocupação da baixa taxa de investimento tem sido relacionada com a suas implicações sobre a capacidade de crescimento da economia brasileira no longo prazo. Muito do debate acerca da baixa taxa de investimento da economia brasileira tem se concentrado da questão dos juros altos e no elevado preço dos bens de capital. O foco nestes fatores, entretanto, deixa de considerar aspectos que são talvez mais relevantes.
Quantidade - A literatura internacional empírica e teórica tem ressaltado a importância das variáveis chamadas "quantidade", quais sejam, produto e crédito, como os principais fatores na determinação do investimento pelas firmas. Esta literatura tem ressaltado também que as variáveis classificadas como "preço", ou seja, juros, impostos e custo dos bens de capital, são menos relevantes. O papel da produção agregada ou produto sobre a elevação do investimento parece se dar essencialmente através o lucro das empresas. No curto prazo, lucros maiores alavancam o investimento o que, por conseqüência, voltam a impulsionar o processo de retomada da atividade econômica. Os lucros acumulados, assim como as expectativas de lucros futuros, são a força dominante para explicar a elevação do investimento na economia. Neste sentido, o produto é a variável que tem uma influência mais forte sobre as perspectivas de lucro. A elevação do crescimento do produto aumenta as expectativas de lucro as quais se adicionam, através do investimento, ao circulo virtuoso de elevação da renda.
Juros - Por mais estranho que possa parecer, a grande maioria dos estudos mostra que o custo do capital tem efeito de magnitude secundária sobre as decisões de investimento. Os exemplos do Japão nos últimos anos, e mesmo dos Estados Unidos recentemente, mostram que taxas de juros reais baixas, e mesmo negativas, não são suficientes para se ter incrementos nas taxas de investimentos da economia. No caso brasileiro recente, tem ocorrido um processo de elevação das vendas e dos lucros no curto prazo o qual se deve a um impulso de demanda advindo do aumento das exportações e do estimulo do consumo, tanto de bens duráveis como de bens não duráveis. Este impulso que atinge a economia brasileira, mostrado pelas recentes estatísticas de produção industrial, vendas no comércio e emprego, precisa se mostrar persistente o suficiente para disparar uma nova onda de investimentos em capital fixo pelo setor privado. (Valor Econômico)