O cooperado, a gestão e os custos
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Alberto
Hideki Kanamura(*)
Em todo o mundo o crescimento da despesa com saúde tem preocupado os
governantes, mas a sociedade parece ter dificuldade em aceitar que não
será possível continuar com esse crescimento indefinidamente.
De acordo com Weinstein & Stason (1977) "é agora quase universal
a crença de que recursos disponíveis para cuidados à saúde
são limitados. Esse fato não era, talvez, perceptível há
poucas décadas, antes da difusão do seguro saúde e da proliferação
da tecnologia médica que se tem hoje".
Da saúde como dádiva para a saúde como direito, a sociedade organizou-se para garantir a vida como o seu bem mais precioso. Sistemas de proteção social e de saúde foram criados, consumindo hoje importante parcela da riqueza produzida pelo homem. Muito esforço é feito em todos os campos da atividade humana para proteger e prolongar a vida. Viver um ano mais, um mês mais ou um dia mais. O preocupante é que os recursos utilizados nem sempre são proporcionais aos prolongamentos conseguidos, em algumas situações até inversamente proporcionais.
Outro fato a considerar é o envelhecimento da população brasileira que está se dando a um ritmo significativamente maior, se comparada com aqueles já observados nos países europeus. Enquanto a Europa enriqueceu para depois envelhecer, o Brasil está envelhecendo antes de ficar rico. Compreender as variáveis que influenciam os custos e procurar racionalmente controlar esse fenômeno é uma decisão que se impõe, em especial em nações emergentes, ainda pobres, mas com bolsões de riqueza, e cujas populações envelhecem mais rapidamente do que era de se esperar.
Uma Unimed é uma fração do sistema de saúde do país, e como tal deve se preocupar com os gastos em saúde, que em última análise, afeta toda a sociedade. Que impacto tem os casos mais caros no custo global? Qual é o perfil de idade e sexo dos que gastam mais? Que doenças custam mais? Essas são as perguntas que os médicos cooperados precisam começar a fazer para que o sistema de saúde seja sustentável em longo prazo.
Alberto Hideki Kanamura, médico, foi Superintendente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e chefe de Gabinete da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo (governo Alckmin). Ministrará palestra sobre o tema no 13o Suespar, no dia 28 próximo, em Londrina.