O álcool e os créditos de carbono
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Transformar o “sequestro” de carbono em dólares passa a ser o sonho de empresários e agricultores, conseqüência do Protocolo de Quioto, que tem por objetivo estabilizar os níveis de gás carbônico (CO2) e metano (CH4) na atmosfera. O protocolo estabelece que os países do chamado Anexo 1 (grandes poluidores), reduzam suas emissões de gases de efeito estufa em 5%, considerando os níveis de 1990. O cumprimento da primeira fase do protocolo se dará entre 2008 e 2012, onde os países em desenvolvimento, como Brasil, China, México, Índia e África do Sul, ficam de fora. Estima-se que o Brasil temha apenas 10% do potencial dos investimentos mundiais nas negociações dos papeis resultantes do Protocolo de Quioto, pois 90% das fontes de energia elétrica têm origem em fontes não poluentes, como hidrelétricas e álcool, que adicionado à gasolina neutraliza cerca de 40% do lançamento de carbono na atmosfera. Mas se o brasil produz energia limpa, pode ganhar com isso.
Substituindo os poluidores – Os países com capacidade de produzir energia limpa podem ganhar dinheiro para realizarem a limpeza do ar para os poluidores. Nações industrializadas e empresas com dificuldades para cumprirem suas obrigações na redução da emissão, podem financiar projetos “limpos” em países onde o processo ou o resgate de CO2 seja mais barato. Esses países ou empresas podem financiar a modernização de fábricas obsoletas, o uso de energia com base renovável, projetos de reflorestamento e outros. No entanto, para isso se concretizar vamos ter que esperar vários anos, até que os projetos de MDL, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo sejam aprovados pela ONU. Tudo começa com um Documento de Concepção de Projeto, que na verdade é um estudo minucioso do projeto, que será avaliado pelas entidades certificadoras credenciadas pela ONU, e passa, no Brasil, pela Co0missão Interministerial para Mudanças Climáticas, liderada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Aprovado, é encaminhado à ONU, que o submete ao grupo executivo, última instância para implementação.
A vez do álcool - Até 2010, as vendas externas de álcool, que em 2004 foram de 2,4 bilhões de litros, podem atingir 5 bilhões de litros ano, o que gera um crédito potencial de 30 milhões de toneladas de carbono. “Isso significa que o álcool passa a carregar um adicional de valor que pode se expressar por dois caminhos: no aumento do preço do produto e, ou, numa fonte de renda adicional para o setor canavieiro. “Essa elevação é o mercado que vai determinar. O comprador sabe que está adquirindo, junto com o álcool, uma redução de CO2. Nos Estados Unidos, estima-se que3 eliminar uma tonelada de CO2 pode custar até US$ 80. O que vai haver de fato é uma valorização das fontes de energia renovável. Se o Brasil souber se posicionar, vai ser um grande negócio”, diz Laura Tetti, consultora de meio ambiente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo – Única, e integrante da comissão brasileira que discutiu o Protocolo de Quioto na ONU. (Fonte: Agrinova, abril 2005)
O balanço positivo da cana-de-açúcar – A cadeia brasileira do álcool é considero o maior projeto de energia renovável no mundo, com balanço de carbono positivo, pois as emissões de gás que ocorrem com a queima do álcool e do manejo agrícola, incluindo queimadas, são compensadas pelo CO2 resgatado pela planta durante o seu crescimento. Esse é a única atividade de produção de energia renovável instalada no mundo e que é competitiva com o petróleo, afirma Laura Tetti. Além disso, a queima de bagaço de cana pode produzir energia elétrica, o que pode gerar novos créditos de carbono na primeira faze do acordo.