Novas medidas de apoio para cultura do trigo
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O governo vai anunciar na próxima semana medidas de apoio aos produtores de trigo. A colheita do cereal está no seu início e, devido ao excesso de oferta no Mercosul, os preços praticados no mercado interno estão abaixo do mínimo de garantia do governo. A estimativa é que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento libere recursos para Aquisições do Governo Federal (AGF) para 200 mil toneladas, contratos de opção para 800 mil toneladas e Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) para 500 mil toneladas. O governo deve subvencionar o escoamento do produto do Rio Grande do Sul para o Nordeste. As demais medidas são voltadas para os principais estados produtores do grão. A expectativa é que os contratos de opção vençam no ano que vem. Outra ação a ser estudada é a prorrogação do pagamento do custeio para o próximo ano. "Esse conjunto de medidas deve dar suporte ao mercado. No Rio Grande do Sul as ações serão maiores porque há grande excedente de produção", afirma Márcio Augusto Silva Júnior, analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo ele, naquele estado haverá uma sobra de cerca de 1 milhão de toneladas.
O Brasil deve colher este ano uma safra de 6 milhões de toneladas de trigo, para um consumo estimado em 10,1 milhões de toneladas, de acordo com a Conab. Com isso, as importações tendem a cair, totalizando, no máximo, 5 milhões de toneladas. No entanto, como a oferta é concentrada, o preço é derrubado pela pressão da colheita. Atualmente, segundo Silva Júnior, o cereal está cotado a R$ 380 a tonelada no Rio Grande do Sul e R$ 390 a tonelada no Paraná, para um preço mínimo de garantia estipulado pelo governo de R$ 400 a tonelada. De acordo com os dados da Conab, no Paraná 9% do grão foi colhido.
O Rio Grande do Sul inicia a colheita em outubro. Silva Júnior diz que a Argentina deve produzir cerca de 15 milhões de toneladas do cereal, encerrando a safra com um estoque de passagem de 2 milhões de toneladas, o que ajuda a deprimir os preços no Brasil. De acordo com Antônio Wünsch, presidente da Cooperativa Tritícola Três de Maio (Cotrimaio), o produto argentino está entrando no Rio Grande do Sul a R$ 420 a tonelada.
Desde 2002, quando o governo elevou o preço mínimo para o Centro-Oeste, visando estimular o plantio naquela região, o cultivo do grão vem crescendo. Na colheita passada, o governo lançou também contratos de opção e, além disso, as exportações auxiliaram na melhoria das cotações. No entanto, neste ano, como os preços internacionais estão em queda, as vendas para externas praticamente paralisaram.
"O produtor
está apreensivo por causa do problema de qualidade, provocado pela seca
e pela brusone. E, com isso, está evitando vender porque a safra pode
quebrar e o preço subir", avalia Aldo Lobo, analista da Safras &
Mercado. Segundo Lobo, em algumas regiões do Paraná a produtividade
está 30% menor. De acordo com ele, em Mato Grosso do Sul, onde a colheita
chegou a 50% e foram detectados problemas de qualidade, o preço do grão
está a R$ 420 a tonelada - abaixo do mínimo de garantia para a
região, que é de R$ 450 a tonelada. Para ele, as medidas do governo
sustentariam o preço, pois estariam sendo retiradas do mercado 25% da
safra. Na avaliação de Wünsch, as ações governamentais
vão dar alívio, mas não resolver o problema, pois ele acredita
que a safra será cheia no Rio Grande do Sul. (Gazeta Mercantil)