Nova estrela, algodão vai ao exterior de \"primeira classe\"

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Em matéria publicada na edição de hoje (28), do jornal Valor Econômico, a mais nova estrela das exportações brasileiras viaja de primeira classe. Ao contrário da soja, que segue para o exterior em navios graneleiros, o algodão é embarcado em contêineres cuidadosamente preenchidos com 124 fardos de 200 quilos cada. Os embarques já começaram e, até dezembro, 18 mil contêineres repletos de plumas devem deixar os portos brasileiros, 165% mais que em 2003.

Porto - A expectativa do gerente comercial da empresa Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP), Marcelo Marder, é de que pelo menos metade da produção saia pelo porto paranaense - a exemplo de 2003, quando 93 mil das 170 mil toneladas vendidas lá fora foram embarcadas por ele. A movimentação do produto mal começou, mas de janeiro até agora foram exportadas por Paranaguá 22,5 mil toneladas de algodão, ante 11,5 mil em igual período de 2003.
Diferenças - E aí surge mais uma diferença entre a soja e o algodão. Os brasileiros sempre percebem quando é iniciada a colheita do primeiro. Seja pelos grãos e pelo farelo que os caminhões deixam pelas rodovias e portos ou pela chegada de grandes navios graneleiros ao país. Com o algodão, que deverá bater recorde de produção e exportação este ano, o cenário é outro. Não há plumas voando nem caroços rolando pelas estradas do país.

Identidade - Depois de colhido, o produto é levado a usinas de beneficiamento, de onde sai prensado. Antes é retirada uma amostra para análise. Com o resultado, dela é feita uma etiqueta para ser colocada em cada um dos fardos. "É como se fosse um CPF", compara o presidente da Associação Mato-Grossense de Produtores de Algodão, João Luiz Pessa. Seguindo padrões internacionais, na etiqueta há dados sobre origem e qualidade da pluma. No Mato Grosso, de onde deverá sair 45% da safra, há oito laboratórios especializados na classificação.

Produtividade - Tanto cuidado na embalagem deve-se à preocupação com qualidade e preço. Pessa faz nova comparação com a soja. Segundo ele, o custo do plantio do grão por hectare é de US$ 350 e a produtividade média é de 55 sacas de 60 quilos por hectare. O preço histórico da saca é US$ 10, o que gera receitas de US$ 550. Diminuindo o custo, a sobra é de US$ 200 por hectare.

Decisão - No algodão, diz, o custo do plantio para a mesma área é de US$ 1,3 mil, para uma colheita de 1,5 tonelada por hectare. Com o quilo da pluma a US 1,20, o retorno é de US$ 1,8 mil por hectare. Na última linha da conta, a sobra é de US$ 500. Muitos poderiam perguntar, então, por que tantos agricultores continuam a apostar na soja. "O mercado de algodão é muito sensível, e para a soja há interessados no mundo inteiro", explicou o presidente da associação.

Paranaguá - Embora reste muito a ser colhido, a preparação para o escoamento começou há meses. Em fevereiro, Pessa visitou a direção do porto de Paranaguá e informou que havia a expectativa de alta de 150% nos embarques. "É o porto que tradicionalmente exporta a maior parte da produção e, se for eficiente, tem chances de continuar sendo o principal ponto de saída".

Logística - Mas nem todos são tão otimistas. John Kirkup, gerente comercial do NYK Line, um dos principais armadores do mundo, acredita que, por problemas de logística, parte da carga em princípio destinada a Paranaguá será desviada para outros portos, como Santos e Sepetiba. A possibilidade cresceu com o problema da falta de contêineres para o produto. (Valor Econômico)

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