Negociações da OMC colocam Brasil e eua frente à frente

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O presidente George W. Bush ligou para conversar com Luiz Inácio Lula da Silva sobre as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC), que começam nesta terça-feira em Cancún. Bush pediu a Lula que seus países trabalhassem para criar o consenso na reunião. As negociações em Cancún partem de uma divergência entre os países em desenvolvimento com interesses no mercado agrícola, liderados pelo Brasil, e as duas maiores potências mundiais, Estados Unidos e União Européia. As propostas de abertura agrícola apresentadas pelos dois grupos não têm nada em comum. Segundo nota da assessoria de imprensa do Itamaraty, Bush disse a Lula que o representante especial para Comércio dos Estados Unidos, Robert Zoellick, procurará o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, para que os dois países "trabalhem juntos na promoção do consenso".

Consenso - Lula respondeu que Amorim estava instruído para buscar o consenso em Cancún. Acrescentou, no entanto, que, se não houver avanços significativos nas negociações agrícolas, não será possível avançar nos demais temas. O presidente brasileiro também disse a Bush que o texto preparado pelo presidente do Conselho da OMC, Carlos Peréz de Castillo, que serviria como base inicial das negociações, não satisfaz o mandato da Rodada de Doha, negociado no final de 2001. O mandato, de acordo com Brasil, estabelece que os subsídios agrícolas à exportação precisam ser eliminados. Os negociadores brasileiros também são mais ambiciosos em relação à redução de tarifas para produtos agrícolas que os EUA e a União Européia.

Força em grupo - Para tentar retirar o texto de Castillo da mesa de negociação, o Brasil convocou uma reunião especial, em Cancún, do grupo de países que apoiaram a iniciativa brasileira de apresentar uma proposta alternativa de abertura comercial agrícola. O Brasil pretende, ao longo das negociações, ampliar a aliança com outros países em desenvolvimento para pressionar os EUA e a União Européia a cederem. Na conversa com Bush, Lula afirmou que a proposta encampada pelo Brasil tem o apoio de países que representam 65% da população rural e metade da população mundial. Em outras palavras, Lula quis deixar claro para Bush que a posição brasileira é representativa.

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