Na ALCA, submissão aos interesses que vêm de fora

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O economista Paulo Nogueira Batista Jr, professor da FGV, diz que se o Brasil optar por entrar na Área de Livre Comércio das Américas significa, estará se submetendo a uma política de submissão aos interesses econômicos de outros 34 países, abandonando a possibilidade de definir um projeto nacional. Paulo Nogueira reuniu suas análises sobre a Alca num trabalho chamado “A Alca e o Brasil” que, segundo a revista Isto É, será publicado brevemente na Revista de Estudos Avançados, da USP, onde o professor é pesquisador visitante. Em entrevista que concedeu à revista Isto É, Paulo Nogueira Batista Jr afirma que a Alça é uma iniciativa dos Estados Unidos e, como tal, contém regras que implicam uma certa submissão aos interesses daquele país.

Benefícios duvidosos – Segundo o professor, “o projeto é muito abrangente, envolve muitas restrições à política econômica brasileira e, ao mesmo tempo, cria benefícios duvidosos”. A falta de competitividade da economia brasileira é um dos problemas a ser enfrentado, no caso da adesão. A redução do chamado Custo Brasil não é suficiente para colocar as empresas brasileiras em igualdade de condições em termos de competitividade. Nesse quadro de falta de competitividade, na abertura dos mercados, provavelmente as importações serão muito superiores às exportações, o que vai agravar o desequilíbrio da balança de pagamento. “Alguns setores, como o de informática ou o químico, nos quais há o predomínio dos EUA, poderiam desaparecer. A tendência é o Brasil se concentrar em setores onde já somos competitivos, como a agroindústria e as áreas têxtil, siderúrgica e de calçados”, frisa Paulo Nogueira Batista Jr, em entrevista à revista Isto é.

Protecionismo – A Alca foi concebida, lembra o professor, para beneficiar os interesses americanos, tendência que se aprofundou com o governo atual, onde as atitudes protecionistas que sinalizam claramente a pouca disposição dos EUA com a abertura do seu mercado. “Isso torna a defesa da Alca no Brasil muito mais complicada do que era antes. Os partidários da Alca se recolheram a um silêncio tumular nos últimos tempos. O Clinton era mais perigoso. Na gestão dele, os americanos disfarçavam a busca dos interesses com uma retórica de cooperação internacional. No período Bush, o protecionismo e o nacionalismo são mais francos”, afirma o professor. Ele afirma que apesar do governo Lula sinalizar uma mudança em relação à Alca, é preciso considerar que a área será a maior potência política, econômica e militar do planeta. (Fonte: Revista Isto É)

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