Multicoop - Professor fala da visão sistêmica do Cooperativismo

Em palestra realizada nesta terça-feira (01/07), durante o Multicoop - curso para formação de multiplicadores em cooperativismo -, o professor Odelso Schneider, a Unisinos do Rio Grande do Sul, falou da necessidade de o sistema cooperativo adotar uma visão mais sistêmica de organização. Disse, que seria uma espécie de integração sistêmica, que acontece quando ramos diferentes passam a agir com objetivos em comum. “Diria, por exemplo, que hoje no Brasil existem várias experiências nesse sentido, promovendo a integração dentro dos ramos, como é o caso do cooperativismo de crédito, que atua como parceiro nos ramos da infraestrutura, saúde e agropecuário.” De acordo com o professor, a visão sistêmica transcende o limite do respectivo ramo, para se começar a pensar o cooperativismo como um sistema, no sentido mais amplo possível, de querer propor realmente um modelo alternativo de organização econômica e social, tanto da empresa quanto da própria comunidade. Entre os principais exemplo de integração, Schneider destacou os ramos de crédito e produção agrícola. Nesse sentido, o professor entende que deve haver novas iniciativas para que os sistemas de crédito cooperativo passem a atuar com os diversos ramos do cooperativismo. “Aí sim, começa a se pensar um pouco mais numa política sistêmica.”

Governo como parceiro – O professor também falou da relação entre cooperativas e o governo federal. A partir da abertura dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor de uma discussão mais ampla sobre o sistema, Schneider acredita que as lideranças cooperativistas devem proceder tomando a dianteira e a iniciativa de ter governo como um parceiro da caminhada. Contudo, orienta, é preciso propor e fazer propostas claras e concretas, colocando acima de tudo como o sistema pensa e a verdadeira contribuição que está disposto a dar no processo de crescimento econômico e social do País.

Marketing – Outro assunto abordado durante a palestra foi o marketing cooperativo, como forma de se fortalecer a imagem e por conseqüência torna-se mais competitivo no mercado. O professor explicou que o marketing não significa apenas ter uma boa colocação do seu produto, a bons preços e com boa qualidade, mas deve ser utilizado como forma de se criar junto a opinião pública uma imagem mais real e positiva do verdadeiro serviço que as cooperativas já estão prestando para a comunidade. “Precisamos investir mais no marketing externo, que pela própria natureza do cooperativismo acaba gerando um benefício social”, disse Schneider.

Depoimento – Valdir D’Alécio, vice-presidente da Coagru, de Ubiratã, um dos participantes desta edição do Multicoop, disse que com cursos dessa natureza está se resgatando a educação cooperativista no Paraná. Em sua avaliação, os temas discutidos durante o Multicoop são importantes porque, “infelizmente, o cooperativismo brasileiro se afastou e parece ter esquecido um pouco que é praticamente impossível fazer cooperativa, sem conhecer a essência, a doutrina e os princípios do sistema.” Surpreso com o conteúdo do curso, D’Alécio sugere, e acha necessário, estender o Multicoop à todas as cooperativas, funcionários, dirigentes e associados, “para que todos possam entender que a cooperativa é, efetivamente, uma sociedade de pessoas, e por isso é uma sociedade diferente.”

Investimento social – “Nós queremos ver o resultado econômico, mas o resultando social também é importante”, colocou D’Alécio. Ele lembra que os pioneiros do cooperativismo já sabiam que para se atingir um bom resultado econômico é preciso melhorar a pessoas. “De nada adiantam os recursos econômicos se as pessoas não souberem aplicar bem o dinheiro. A cooperativa precisa qualificar e reciclar as pessoas para que elas possam participar da sociedade”, disse D’Alécio, acreditando que esse objetivo é atingido através de cursos como o Multicoop.

Objetivo - O Multicoop é uma iniciativa do Sistema Ocepar/Sescoop-PR. O curso teve início na segunda-feira (30/06) e prossegue até sexta-feira (04/07), no Hotel Alta Reggia, em Curitiba. O objetivo é capacitar uma ou mais pessoas por cooperativas, para que estejam habilitadas a multiplicar os conceitos do cooperativismo. O conteúdo ministrado aborda questões como importância do cooperativismo para o Paraná; educação cooperativista; evolução do sistema; história, pensamento e princípios; legislação e organização do quadro social.