MP libera plantio e comercialização de soja OGM na safra 2004/2005
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou na noite desta quinta-feira (14/10) a Medida Provisória 223, que libera o plantio e a comercialização da soja geneticamente modificada, a OGM, na safra 2004/2005. O texto restringe a venda da soja até 31 de janeiro de 2006, prazo que legalmente poderá ser prorrogado por mais 60 dias. O estoque existente após a data estabelecida deverá ser destruído, com a limpeza dos espaços de armazenagem para o recebimento da safra de 2006. De acordo com a MP, fica vedada a comercialização do grão de soja geneticamente modificado da safra 2004 como semente, bem como não é permitida a sua utilização como semente em propriedade situada em Estado distinto daquele em que foi produzido.
Termo de Ajustamento - Os produtores somente poderão realizar o plantio e comercialização da safra de soja do ano de 2005 se subscreverem, assinarem o chamado Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta, instrumento já utilizado na safra passada. O Termo de Ajustamento deve ser firmado até 31 de dezembro de 2004 e entregue nos postos ou agências dos Correios, nas agências da Caixa Econômica Federal (CEF) ou então do Banco do Brasil. Conforme a MP, o produtor de soja geneticamente modificada que não subscrever o termo ficará impedido de obter empréstimos e financiamentos de instituições integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural, não terá acesso a eventuais benefícios fiscais ou creditícios e não será admitido a participar de programas de repactuação ou parcelamento de dívidas relativas a tributos e contribuições instituídos pelo governo federal.
Época de plantio - A chegada da época do plantio, que já teve início em algumas regiões do Brasil, foi fundamental para que o governo decidisse pela edição da MP, uma vez que o Congresso Nacional não deliberou em caráter definitivo sobre o projeto da Lei de Biossegurança. No início de outubro o substitutivo do senador Ney Suassuna foi aprovado no plenário do Senado, mas como sofreu modificações precisou voltar para apreciação na deputados, e como a pauta da Câmara está trancada por causa de 17 medidas provisórias para serem apreciadas, a alternativa encontrada pelo governo foi editar uma nova MP.
Ocepar - Em análise prévia da Medida Provisória, a Ocepar destaca os pontos abaixo relacionados, que merecem atenção e análise mais detalhadas. Na próxima semana a Ocepar também estará reunindo as cooperativas para discutir o tema e tomar uma posição sobre o assunto.
1. Os produtores que possuem “semente própria” podem plantar soja transgênica na safra 2004/05, devendo comercializar somente até 31/01/06, podendo este prazo ser prorrogado por 60 dias;
2. É vedada a comercialização do grão transgênico como semente, bem como a sua utilização em propriedade fora do Estado onde foi produzido;
3. As instituições de Pesquisa podem fazer registro provisório, mas não podem comercializar a semente, inclusive a semente produzida com base na legislação anterior;
4. O produtor de soja convencional que não comprove a origem da semente e que queira financiamento, terá que subscrever declaração de “Produtor de Soja Convencional”;
5. O agente financeiro
somente poderá financiar os produtores de soja transgênica que
apresentarem o Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta.
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 223, DE 14 DE OUTUBRO DE 2004 Estabelece normas para o plantio e comercialização da produção de soja geneticamente modificada da safra de 2005, e dá outras providências O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 62 da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei: Art. 1º Às sementes da safra de soja geneticamente modificada de 2004, reservadas pelos agricultores para o uso próprio, consoante os termos do art. 2º, inciso XLII, da Lei no 10.711, de 5 de agosto de 2003, e que sejam utilizadas para plantio até 31 de dezembro de 2004, não se aplicam as disposições: I - dos incisos I e II do art. 8º e do caput do art. 10 da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, relativamente às espécies geneticamente modificadas previstas no código 20 do seu Anexo VIII; II - da Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, com as alterações da Medida Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001; e III - de vedação de plantio de que trata o art. 5º da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003. Parágrafo único. É vedada a comercialização do grão de soja geneticamente modificado da safra de 2004 como semente, bem como a sua utilização como semente em propriedade situada em Estado distinto daquele em que foi produzido. Art. 2º Aplica-se à soja colhida a partir das sementes de que trata o art. 1º o disposto na Lei nº 10.688, de 13 de junho de 2003, restringindo- se sua comercialização até 31 de janeiro de 2006, inclusive. § 1º O prazo de comercialização de que trata o caput poderá ser prorrogado por até sessenta dias mediante ato do Poder Executivo. § 2º O estoque existente após a data estabelecida no caput deverá ser destruído, com completa limpeza dos espaços de armazenagem para recebimento da safra de 2006. Art. 3º Os produtores abrangidos pelo disposto no art. 1º, ressalvado o disposto nos arts. 3o e 4º da Lei no 10.688, de 2003, somente poderão promover o plantio e comercialização da safra de soja do ano de 2005 se subscreverem Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta, conforme regulamento, observadas as normas legais e regulamentares vigentes. Parágrafo único - O Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta, de uso exclusivo do agricultor e dos órgãos e entidades da administração pública federal, será firmado até o dia 31 de dezembro de 2004 e entregue nos postos ou agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, nas agências da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil S.A. Art. 4º O produtor de soja geneticamente modificada que não subscrever o Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta de que trata o art. 3º ficará impedido de obter empréstimos e financiamentos de instituições integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural - SNCR, não terá acesso a eventuais benefícios fiscais ou creditícios e não será admitido a participar de programas de repactuação ou parcelamento de dívidas relativas a tributos e contribuições instituídos pelo Governo Federal. § 1º Para efeito da obtenção de empréstimos e financiamentos de instituições integrantes do Sistema Nacional de Crédito Rural - SNCR, o produtor de soja convencional que não estiver abrangido pela Portaria de que trata o art. 4º da Lei nº 10.814, de 2003, ou não apresentar notas fiscais de sementes certificadas, ou certificação dos grãos a serem usados como sementes, deverá firmar declaração simplificada de ?Produtor de Soja Convencional?. § 2º Para os efeitos desta Medida Provisória, soja convencional é definida como aquela obtida a partir de sementes não geneticamente modificadas. Art. 5º Ficam vedados o plantio e a comercialização de sementes relativas à safra de grãos de soja geneticamente modificada de 2005. Art. 6º Sem prejuízo da aplicação das penas previstas na legislação vigente, os produtores de soja geneticamente modificada, que causarem danos ao meio ambiente e a terceiros, inclusive quando decorrente de contaminação por cruzamento, responderão, solidariamente, pela indenização ou reparação integral do dano, independentemente da existência de culpa. Art. 7º Fica autorizado para a safra 2004/2005 o registro provisório de variedade de soja geneticamente modificada no Registro Nacional de Cultivares, nos termos da Lei nº 10.711, de 5 de agosto de 2003, sendo vedada, expressamente, sua comercialização como semente. § 1º O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Meio Ambiente promoverão o acompanhamento da multiplicação das sementes previstas no caput mantendo rigoroso controle da produção e dos estoques. § 2º A vedação prevista no caput permanecerá até a existência de legislação específica que regulamente a comercialização de semente de soja geneticamente modificada no País. Art. 8º A Comissão de que trata o art. 15 da Lei nº 10.814, de 2003, acompanhará e supervisionará o cumprimento do disposto nesta Medida Provisória. Art. 9º Aplica-se a multa de que trata o art. 7o da Lei nº 10.688, de 13 de junho de 2003, aos casos de descumprimento do disposto nesta Medida Provisória e no Termo de Compromisso, Responsabilidade e Ajustamento de Conduta de que trata o art. 3º desta Medida Provisória, pelos produtores alcançados pelo art. 1º. Art. 10 - Para os fins desta Medida Provisória, aplica-se o disposto nos art. 4º, 6º, 7º, 10 e 11 da Lei no 10.814, de 2003. Art. 11 - Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 14 de outubro de 2004; 183º da Independência e 116 º da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA |