MEIO AMBIENTE: Pós vai preparar cooperativas a elaborar projetos inovadores em biogás
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Terá início, no mês de julho, o curso de pós graduação que visa capacitar profissionais de cooperativas do Paraná a desenvolver projetos inovadores para a geração de energias renováveis, com ênfase em biogás. A especialização é fruto de parceria entre o Sistema Ocepar, Fundação Getúlio Vargas e Itaipu Binacional. O curso terá duração de aproximadamente 20 meses, totalizando 446 horas/aula. As aulas serão ministradas mensalmente, às sextas e sábados, no Parque Tecnológico Itaipu, em Foz do Iguaçu. "A ideia é preparar os técnicos das nossas cooperativas no sentido de transformar um passivo ambiental em oportunidades de negócios para as cooperativas e produtores", afirma o engenheiro agrônomo e assessor da área de meio ambiente da Ocepar, Silvio Krinski.
Projeto - Ele explica que a pós graduação integra uma das ações de um projeto que a entidade está estruturando, contemplando a capacitação e a transferência de tecnologias, por meio de convênio firmado com o centro de estudos da Itaipu Binacional, e que irá possibilitar às cooperativas transformar em energia renovável os resíduos gerados na atividade agropecuária e agroindustrial. "É uma iniciativa que está alinhada ao programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em 2010 pelo governo federal e cujo objetivo é aliar a produção de alimentos e bionergia com redução dos gases de efeito estufa. O tratamento de resíduos animais é uma das ações incentivadas pelo programa, que faz parte do plano agrícola e pecuário, com destinação de recursos próprios para promover uma agricultura mais sustentável", completa Silvio. "É mais um projeto pró-ativo que o sistema cooperativista está desenvolvendo, conciliando a produção e o crescimento econômico com a preservação ambiental", acrescenta o gerente técnico da Ocepar, Flávio Turra.
Lar - A cooperativa Lar, com sede em Medianeira, é uma das parceiras da Itaipu em um trabalho pioneiro que tem o biogás como matéria-prima: o Programa de Geração de Energia Distribuída. Consiste na produção da própria energia elétrica utilizando o biogás gerado a partir do reaproveitamento e tratamento dos resíduos produzidos nas unidades industriais de suínos, aves e vegetais da cooperativa. Além de garantir o abastecimento interno, a cooperativa vende a eletricidade excedente para a rede pública, por meio de contrato com a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel). A possibilidade de comercializar energia pelo sistema de geração distribuída é regulamentada pela Agencia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) desde 2009.
Cooperado - Um dos cooperados da Lar, o suinocultor José Carlos Colombari, de São Miguel do Iguaçu, foi o primeiro produtor rural do país a vender eletricidade nesse sistema e é um exemplo de como o investimento em energia renovável pode impulsionar os negócios no campo . Ele dobrou a sua produção nos últimos dois anos, graças ao saneamento ambiental, à produção de biofertilizantes e à economia de energia proporcionados pelo aproveitamento do biogás para o abastecimento de eletricidade em sua granja. José Colombari recebe em média R$ 2.500 mensais com a venda do excedente de energia de sua propriedade à Copel. Os cerca de 20 mil KWh de eletricidade disponibilizados diretamente na rede são gerados a partir de mil metros cúbicos de biogás que ele produz diariamente com os dejetos dos cinco mil suínos de sua granja. A produção de biogás assegura a total eletrificação de sua propriedade, permitindo uma economia mensal de cerca de R$ 8.200.
Potencial energético - De acordo com a Itaipu Binacional, o biogás é um produto que vem sendo recorrentemente desperdiçado, apesar de seu enorme potencial energético. É obtido não só no meio rural, mas também no urbano, a partir dos efluentes dos esgotos das cidades e do lixo orgânico. No Brasil, a utilização dos resíduos do campo e da cidade para a produção de biogás permitira gerar cerca 470 milhões de KWh anuais, suficientes para abastecer aproximadamente 5 milhões de residências. Para obter este desempenho energético, não será necessário ocupar áreas destinadas à produção de alimentos nem comprometer os recursos naturais: basta aproveitar os resíduos já existentes, que podem ser convertidos por processos simples de biodigestão anaeróbica em biogás e biofertilizantes. A produção de biogás também permite aos produtores rurais obterem créditos de carbono, apoiando o Brasil em seu compromisso voluntário de reduzir em até 39% as emissões de CO2 até o ano 2020. (Com informações da Coordenadoria de Energias Renováveis da Itaipu Binacional)