Marcos Cintra: REDUZIR O ESTADO PARA CRESCER

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O economista e deputado federal Marcos Cintra, um dos autores do programa econômico do PFL (Roseana Sarney), também condena a excessiva presença do Estado na economia. Em entrevista à revista Conjuntura Econômica que está nas bancas, Cintra afirma que o governo precisa mudar o foco, sair da paranóia de que crescer significa voltar ao período de inflação. Defende a redução da carga tributária, barateando o custo de produção para o país ficar mais competitivo. É essencial retirar o Estado de todas as funções que não lhe competem mais, diminuindo o serviço da dívida e sobrando dinheiro para investimentos sociais e produção. Veja, a seguir, alguns trechos de sua longa entrevista:

Crescimento ? ?A economia brasileira, hoje, por força dessa crise externa, não tem condições de crescer contínua e permanentemente, porque bate nesse estrangulamento externo. Hoje, nós estamos aí com um déficit em conta corrente que chegou a 3%, 4,%, 5% do PIB, que é muito alto. E com isso, e mais o serviço da dívida, e mais o fato de que você não ter poupança interna e ter que servir uma dívida crescente, faz com que tenhamos uma fragilidade externa muito forte. Mas é superável, na media em que você acelere e enfatize os pontos estruturais positivos que a economia brasileira tem. É possível crescer 5%. Inclusive, é uma condição para a superação dessa crise de endividamento brasileira. Atualmente temos uma dívida de US$ 600 bilhões e uma das condições para superar isso é a retomada do crescimento econômico. Se não crescermos de forma mais acelerada, a relação dívida/PIB vai continuar ou estável ou crescente, o que torna a continuidade no processo brasileiro inviável?.

Carga tributária ? ?O endividamento alto, a taxa de juros altíssima e a manutenção dos gastos ? que ainda são elevados ? fazendo com que a carga tributária tenha chegado ao patamar que chegou e que, aliás, é recorde histórico em termos de país com o nível de renda per capita equivalente à brasileira. Não venham me dizer que os EUA têm carga de 33%, que na Europa tem 40%, 45%, porque são realidades totalmente diferentes. (...) Nenhum país com renda per capita de R$ 3,5 mil, como é o caso brasileiro, tem uma carga tributária que se aproxima de 35% do PIB?.

Exportações ? ?Sim, o governo precisa concentrar seus esforços nas exportações. Quando eu vejo que o setor de promoção comercial do Itamarati tem uma dotação orçamentária anual de R$ 3 milhões ? quando só a campanha de promoção do café colombiano tem uma verba de R$ 20 milhões ? constata-se que não há prioridade. Aí não é coisa de dinheiro não,porque você gastar R$ 3 milhões e multiplicar isso por 10 e gastar R$ 30 milhões ou R$ 40 milhões, do ponto de vista orçamentário público não é significativo, mas pode fazer uma enorme diferença e reflete uma visão estratégica. Hoje, o governo não tem essa visão conjuntural de conduzir, de fazer o varejo do mercado externo, que é importante para fazer crescer as exportações?.

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