Manifesto do oeste pela paz no campo

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

Os cerca de mil participantes da Parada pela Paz no Campo, realizada ontem em Cascavel, com a presença de mais de uma dezena de entidades voltadas à agricultura, comércio e prestação de serviços, aprovaram o texto do manifesto contra as invasões de propriedades produtivas. Para demonstrar descontentamento contra o clima de invasões, os participantes do manifesto realizaram uma carreata com cerca de dois mil carros, que começou em frente à Praça do Migrante, passando pelo centro da cidade, e terminou no Centro de Convenções e Eventos. Durante o percurso, a maioria das lojas fechou as portas. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Cascavel, André Bueno, 50% das vendas do setor são ligadas a agricultura. O movimento, segundo Bueno, sofre os reflexos negativos das invasões desde os primeiros meses do ano, quando começaram as invasões de terra no Paraná. O texto do manifesto é o seguinte:


1- O setor agropecuário é de vital importância à sustentação da economia regional. De sua estabilidade, tranqüilidade e de seus investimentos dependem diretamente todos os demais segmentos econômicos. A desestabilização do processo produtivo no campo gerará o caos, o desemprego e a miséria em nossas cidades.

2- A ação irresponsável de falsas lideranças, estimulando invasões, em flagrante atentado a direitos constitucionais caracteriza clara intenção de afronta ao estado de direito que se pretende numa democracia real.

3- A omissão de nossos governantes, que titubeiam na execução de seu compromisso de executar e fazer cumprir determinações da justiça também se constitui num desrespeito ao Estado de Diret5ito. Equivale a um alvará concedido por nossas autoridades, para que novas invasões aconteçam impunemente.

4- Este clima de incerteza e apreensão, que se agrava no meio rural, já começa a se transferir também para o setor urbano, na medida em que a imp0-unidade instalada no campo estimula a generalização de invasões. Propriedades legítimas já são visadas por movimentos dos "sem-teto", por exemplo, gerando uma ação em cadeia, que levará também nossas cidades ao caos e desordem.

5- As entidades signatárias da presente convocação entendem que este cenário de incertezas não pode manter-se indefinitivamente, sob pena de prejuízos irrecuperáveis à estabilidade sócio-econômica regional e à própria manutenção da ordem constitucional. É imprescindível que os homens conscientes dos legítimos direitos legados pela cidadania manifestem seu inconformismo através de manifestações práticas e concretas.

 

Instituições presentes - O encontro atraiu diversas autoridades, entre elas o presidente da Federação de Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ágide Meneghetti, e o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, e os deputados Dilceu Sperafico, Moacir Micheletto e Ricardo Barros. Estiveram presentes ao manifesto, ainda, as seguintes instituições: Sindicato Rural de Cascavel, Núcleo dos Sindicatos Rurais do Oeste do Paraná, Sociedade Rural do Oeste do Paraná, Associação Comercial e Industrial de Cascavel, Câmara dos Dirigentes Logistas de Cascavel, Associação das Micro Empresas de Cascavel, Sindicato dos Logistas de Cascavel, Associação das Câmaras Municipais do Oeste, Câmara dos Vereadores de Cascavel, Ordem dos Advogados, subseção de Cascavel, Sindicato dos Contabilistas de Cascavel, Associação dos Caminhoneiros Autônomos de Cascavel, Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Cascavel, Associação dos Produtores de Leite do Oeste do Paraná e Associação Paranaense de Supermercados - Regional Oeste.

Dentro da lei - "Nós queremos que o assunto (Reforma Agrária) seja resolvido dentro da lei", disse o idealizador da parada, Nélson Meneggatti, presidente do Sindicato Rural Patronal de Cascavel. Já o presidente da Faep chamou os governos estadual e federal de omissos na hora de resolver a questão agrária. Neste ano, oito propriedades foram ocupadas pelos sem-terra na Região Oeste. Deste total, quatro permanecem invadidas, mesmo com os mandados de reintegração de posse expedidos pela Justiça. Para o presidente da Ocepar, João Paulo Koslovski, o clima de intranqüilidade no campo ameaça o agronegócios paranaense. Ele lembrou que o setor é responsável por 65% das exportações do estado. "A Ocepar não é contra a reforma agrária, mas que ela seja feita dentro do limite da lei".

MST - O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra), regional Oeste, não quis comentar as manifestações de ontem dos ruralistas e empresários. Segundo o MST, o movimento discute apenas a questão da reforma agrária e não os reflexos causados no comércio das cidades. No final do encontro, os participantes aprovaram um documento em que pedem às autoridades federal e estadual o cumprimento das ordens de reintegrações.

Conteúdos Relacionados