Mailson mostra tendências do Governo Lula

O ex-ministro Maílson da Nóbrega, primeiro conferencista do seminário, fez uma análise das tendências do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, apresentando três hipóteses: uma básica e mais provável, uma segunda mais otimista, e uma terceira pessimista. A maior probabilidade é que Lula iniciará seu governo demonstrando grande responsabilidade, respeitando leis e acordos internos e externos, mas pouco cumprirá de suas promessas eleitorais. O crescimento do país deverá ficar em torno de 1,5. Essa situação decepcionará parte do Partido dos Trabalhadores. A segunda possibilidade é que Lula fará grandes mudanças, como as reformas previdenciária, tributária e trabalhista. Mas esse avanço será dificultado pelo fato do seu governo ter minoria no Congresso, apesar das alianças em andamento. Por fim, a hipótese menos provável é que Lula acabe ouvindo a voz da intriga, ou seja, partidários radicais, empresários ou segmentos da sociedade descontentes com um início de governo responsável, e mude sua equipe econômica, tentando promover mudanças mais profundas, o que acabará em desastre.

Elogios aos ministeriáveis - Depois de mostrar incoerências do discurso e da visão política e econômica distanciada da realidade do Partido dos Trabalhadores, o ex-ministro Maílson da Nóbrega elogiou os futuros ministros Palocci e José Dirceu, afirmando que eles têm conhecimento profundo da problemática nacional. Indagado por escrito por vários cooperativistas sobre a possibilidade do líder cooperativista Roberto Rodrigues vir a ser ministro da Agricultura, Maílson da Nóbrega disse que se isso for confirmado, indicará uma postura de coerência de Lula de que seu governo "será de Lula" e não do partido. Elogiou Roberto Rodrigues, sua experiência internacional como ex-presidente da Aliança Cooperativa Internacional, como agricultor e como líder don setor.

Sobre o Sicredi - "O Sicredi tem futuro", afirmou Maílson, avaliando o crescimento do sistema cooperativista num novo cenário econômico. Mas aconselhou aos dirigentes que não peçam nada ao governo Lula senão estabilidade econômica. "Não mantenham a ilusão de que o governo Lula fará muito por vocês", alertou, afirmando em seguida que o Sicredi tem um cenário favorável pela frente. Comparando-o ao Credit Agricole, hoje o maior banco agrícola do mundo, o ex ministro disse que o Sicredi, embora esteja começando, está começando melhor, pois o sistema de crédito cooperativo francês era estatal antes de ser transformado em cooperativa.

O banco da comunidade - O empresário Milton Molina, presidente da seguradora Icatu Hertford, instituição que fez parcerias com o Sicredi para venda de seguro vida, fez uma análise da atual configuração do sistema financeiro e da tendência para os próximos anos. Frisou que as grandes corporações financeiras estão atendendo principalmente às empresas, abandonando o atendimento das comunidades. Neste cenário, afirmou Molina, tudo indica que o Sicredi passará a ser o banco das comunidades, pois a sua filosofia prega a parceria e o atendimento das populações que hoje estão sendo deixadas de lado pelo sistema financeiro tradicional. Molina disse que o Sicredi oferece hoje todos os serviços e produtos que os cidadãos precisam, inclusive a opção para que cada brasileiro faça poupança para o futuro, o que é uma alternativa de solução ao atual sistema previdenciário público.