INSUMOS: Vale deve estimular expansão em fertilizantes
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A eventual aquisição dos ativos de mineração de fertilizantes da multinacional Bunge pela Vale S.A. vai permitir um novo ciclo de dinamização do setor no Brasil. Essa é a avaliação de analistas e executivos do setor ouvidos pelo Valor após a divulgação, na sexta-feira (15/01), das negociações entre as duas empresas, numa operação que pode alcançar US$ 3,8 bilhões. A transação envolve também a participação de 42,3% da Bunge no capital da Fosfertil, que tem ainda como sócias a Mosaic, da Cargill, e a Yara.
Estratégia - O movimento está em linha com a estratégia da mineradora brasileira de ser uma das líderes globais nesse negócio e, ao mesmo tempo, atende ao desejo do governo de incrementar a produção local de matérias-primas para fabricação de fertilizantes como forma de reduzir a dependência das importações. O material importado pelo Brasil varia de 45% a 90% das necessidades nacionais, dependendo do tipo de insumo. Do lado da Bunge, a saída da mineração de fertilizantes é reflexo de um reposicionamento da multinacional, que recentemente tem focado suas operações no agronegócio, com aquisições principalmente no segmento de açúcar e álcool. Se a negociação com a Vale se concretizar, a Bunge continuará atuando como misturadora de matérias-primas para produção de fertilizantes, saindo apenas da operação na qual não tem expertise. Como misturadora, a empresa atua com marcas como Manah, Iap, Ouro Verde e Serrana.
Investimentos - Para especialistas, com a Vale à frente de uma grande operação no país, uma nova onda de investimentos deverão ser feitos no setor de fertilizantes. O governo - um de seus principais acionistas, via BNDES e fundos de pensão estatais, como Previ - vai exigir aceleração em novos projetos e em planos de expansão dos ativos atuais. Já vem fazendo o mesmo com a Petrobras, que produz material nitrogenado (amônia e ureia), dois insumos importantes. A joia da coroa na transação entre Vale e Bunge é a Fosfertil, principal fabricante de matérias-primas para fertilizantes do país, que tinha valor de mercado de R$ 9,5 bilhões na sexta-feira. A empresa tem complexos de mineração de fosfato e fabricação de produtos químicos para adubos em Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Paraná. Além da participação direta e indireta na Fosfertil, a Bunge é dona de ativos em Araxá (MG) e Cajati (SP). Todo esse portfólio tem capacidade para produzir quase 5 milhões de toneladas por ano de insumos.
Plano - O plano da Vale, que há um ano pagou US$ 850 milhões em dois projetos de potássio da Rio Tinto - um na Argentina e outro no Canadá - é ganhar escala global no negócio de fertilizantes. Hoje, opera uma mina de potássio em Sergipe, apta a fazer 850 mil toneladas ao ano - com vida útil de menos de dez anos pela frente -, e finaliza o projeto Bayovar, no Peru, de quase US$ 500 milhões, que vai produzir 3,9 milhões de toneladas de fosfato/ano na primeira fase já partir de 2010. A empresa ainda estuda nova mina de potássio no Brasil e outra de fosfato em Moçambique. (Valor Econômico)