IMIN 100 I: Imigração japonesa completa 100 anos nesta quarta-feira (18/06)
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No fim de tarde de 18 de junho de 1908, outono brasileiro, atracou no cais número 14, no porto de Santos, o navio Kasato Maru. O navio transportava 781 imigrantes japoneses (165 famílias) que deixaram sua terra para trabalhar nas lavouras de café de um país totalmente desconhecido para eles. Cem anos depois, o Brasil inteiro comemora essa data. "O Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, o Imin 100, é uma ocasião especial para toda a comunidade japonesa, porque é uma oportunidade para homenagear nossos antepassados pela dedicação e pelas dificuldades vencidas. Eles aprenderam muito com o Brasil, mas também ensinaram muito ao povo brasileiro", comenta o presidente da Cooperativa Agrícola Pontagrossense (Cooperponta), Ricardo Tokutake, cujo pai, Mutsuo Tokutake, imigrou para o Brasil na década de 60 em busca de novas oportunidades. "Meu pai, que chegou à presidência da Cooperativa Agrícola de Cotia - Sul do Paraná, sempre acreditou nos princípios do cooperativismo. Ele passou esse legado e, hoje, eu também acredito muito que o cooperativismo é uma soma de esforços para multiplicação de resultados", diz.
Acolhida - O pioneirismo dos primeiros japoneses que chegaram ao Brasil também foi lembrado pelo presidente da Cooperativa Integrada, Carlos Murate. "Meus pais chegaram ao Brasil muito jovens. Cada um deles veio de uma região diferente do Japão e acabaram se conhecendo em Promissão, no interior de São Paulo. Por isso, para mim a data de hoje é um momento para relembrar o passado e homenagear a bravura desses imigrantes que, depois de sofrerem muito por conta da guerra, deixaram seu país em busca de novos horizontes", diz. Murate conta ainda que, o sentimento do povo japonês que vive no Brasil, revelado em muitos depoimentos, é de agradecimento pela acolhida que receberam. "Apesar do sofrimento e das privações que sofreram, o povo japonês sente-se grato pela oportunidade de poder trabalhar e mudar de vida. Muitos nem pensam em regressar ao Japão, por se sentirem brasileiros", afirma.
Comunidade é a maior fora do Japão - A comunidade japonesa no Brasil é composta por cerca de 1,5 milhão de nikkeis (descendentes de japoneses que nasceram fora do Japão), sendo a maior comunidade nipônica fora do Japão. O Paraná abriga hoje a segunda maior comunidade nikkei do País, com mais de 141 mil pessoas. Essa história começou com a primeira colônia japonesa, ainda na década de 1910, em Cacatu, na região de Antonina, litoral do Estado. Em Curitiba, por mais de 15 anos viveu o pioneiro da imigração japonesa no Brasil, Ryu Midzuno. Após sua morte, que aconteceu em São Paulo, em 1951, a viúva Maki Midzuno fixou residência na cidade, onde faleceu em 1996, deixando filhos e netos.
Um pouco de história - Os primeiros imigrantes que desembarcaram no dia 18 de junho de 1908, deixaram o navio obviamente cansados pela desgastante viagem, que iniciou em 28 de abril de 1908, em Kobe. O navio só fez duas escalas, primeiro em Cingapura, no dia 9 de maio, e depois na África do Sul, dia 2 de junho.. O navio, construído para fins bélicos, foi adaptado para transportar passageiros. Ele seria destruído em 1945, na Segunda Guerra Mundial.
Acordo - A viagem só ocorreu graças a Ryu Mizuno, presidente da Companhia Imperial de Imigração. Foi ele que, em 1907, assinou o acordo que viabilizou o começo da emigração do Japão para o Brasil. O acordo de Ryu com o governo de São Paulo autorizava a entrada de 15 mil japoneses. Ao todo, mais de 140 mil cidadãos nipônicos cruzaram oceanos para viver no Brasil.
A viagem - Os tripulantes do Kasato Maru sofreram muito no trajeto. Ficaram acomodados ao lado de grandes depósitos de carvão, no porão do navio. Como havia muita gente e o ar circulava muito pouco, várias pessoas apresentaram problemas de saúde. A alimentação era precária. Duas ou três porções diárias de peixe, arroz e alguma conserva eram servidas aos tripulantes.
Os dekaseguis - No final da década de 80 começou um fenômeno reverso, a ida de nikkeis para trabalhar no Japão, os Dekaseguis. Atualmente, são mais de 300 mil pessoas, a terceira maior comunidade brasileira no exterior e que remete cerca de 2 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 4,1 bilhões) para o Brasil.
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