GREVE DOS FISCAIS II: Frigoríficos no Paraná podem paralisar atividades
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A partir desta sexta-feira (18), cinco dos maiores frigoríficos do oeste do Paraná com abatedouros de aves pertencentes a cooperativas começam a paralisar suas operações completamente porque não há mais espaço em suas câmaras frias para estocar frangos destinados à exportação. As cooperativas não conseguem escoar a produção em razão da greve dos fiscais federais agropecuários, que começou no último dia 7. Apesar dos apelos da indústria, o enlace da greve pode demorar. Os fiscais federais agropecuários prometem parar de vez nos próximos dias caso o Ministério da Agricultura decida liberar, conforme anunciado ontem, a contratação emergencial de novos fiscais para ajudar a desafogar o movimento nos portos. Hoje os fiscais estão trabalhando com um efetivo mínimo de 30% da força de trabalho em operações "tartaruga" nos portos ou em tarefas emergenciais, como o controle da febre aftosa.
Reajuste - "O governo diz que não tem dinheiro para reajustar nossa tabela de remuneração, mas não faltam recursos para contratar novos funcionários. Se o ministério cumprir o que está dizendo, vamos entrar na Justiça e retirar nosso efetivo mínimo e parar de vez", diz Wilson Roberto de Sá, vice-presidente da Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa). Com a operação tartaruga, a liberação de contêineres para exportação caiu drasticamente de 60 unidades por hora para 10. A Anffa pede reajuste na tabela de remuneração salarial. Hoje o piso é de R$ 2.158 e o máximo de R$ 4.021. A entidade quer que a nova tabela comece em R$ 4.014 e vá até R$ 5.900. "A greve continua e está mais forte do que nunca", diz.
Prejuízo - A notícia não é boa para os frigoríficos de aves, que estimam que a perda de receita com produto não embarcado já atinja US$ 140 milhões desde o início da greve. Não se trata de receita efetivamente perdida, mas de contratos que poderão ser cancelados ou então cumpridos após o final da paralisação. "A situação está insustentável. Os armazéns nos portos e nas indústrias estão lotados. Se a situação não se resolver na próxima semana, será uma catástrofe", diz Roberto Gonçalves, presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef). Ele diz que no porto de Itajaí (SC) há 700 contêineres de frango parados e em Rio Grande (RS), 300 unidades. Cada contêiner carrega o equivalente a 20 toneladas de frango.
Paralisação - A indústria sequer pode remanejar a produção para seus armazéns porque eles já estão com elevado nível de ocupação, entre 80% e 90%. "Estamos utilizando até mesmo os corredores para guardar a mercadoria", afirma Gonçalves. Ele acredita que o setor poderá ter dificuldades em atingir sua meta de exportar US$ 3,5 bilhões neste ano. No Paraná, os frigoríficos que vão paralisar suas atividades pertencem à Coopavel, de Cascavel, à Cooperativa Lar, de Medianeira, à Copagril, em Marechal Candido Rondon, à Copacol, de Cafelândia e à C. Vale, de Palotina. Deixarão de ser abatidos o corresponde a 29% da produção do estado. (Gazeta Mercantil)