GRÃOS II: Fora da estiagem, safra cheia e cotação em alta

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Quem escapou à estiagem e conseguiu colher uma boa safra vai ter uma rentabilidade igual ou superior à de 2008, avalia Eugenio Stefanelo, técnico da Companhia Nacional de Abasecimento (Conab). Os preços da soja e do milho estão em alta no mercado interno. A saca oleaginosa, que encerrou o ano cotada a pouco menos de R$ 40 no estado, chegou a subir R$ 8 em janeiro. Atualmente, oscila entre R$ 47 e R$ 48. Depois de cair abaixo do preço mínimo no final do ano passado, a cotação do cereal mantém-se entre R$ 17 e R$ 19 neste ano.

Picos de preço - "Esta é a hora de aproveitar picos de preço para negociar a soja", alerta Stefanelo. Em março, o USDA, o departamento de agricultura dos Estados Unidos, solta suas primeiras projeções de intenção de plantio para a safra 2009/10. O documento deve indicar crescimento da área de soja no país. "Se o reajuste for maior que o esperado, os preços vão recuar", antecipa.

Milho - Já no caso do milho, o técnico da Conab considera que a melhor estratégia seja armazenar a produção para comercializar mais tarde. A quebra de verão será grande e, com safra menor também na Argentina, o Brasil vai consumir boa parte de seus estoques, diz Eugenio Stefanelo. Hoje, o país tem o maior estoque de milho da história, de 11,9 milhões de toneladas, segundo a Conab. No segundo semestre de 2009, esse volume já não será tão grande e os preços tendem a subir, prevê.

Balanço - Nesta semana, a Expedição Safra RPC encerra, pelo Norte e Centro-Sul do estado, o trabalho de campo para avaliar os prejuízos causados pela estiagem à safra de verão do Paraná. Os técnicos e jornalistas vão trazer um novo número sobre a quebra na produção. Os dados oficiais mais recentes indicam que, entre soja, milho e feijão, a perda chega a 24%.

Produção frustrada - Para a oleaginosa, A Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) acusa uma situação semelhante à da safra 2005/06, quando 2,4 milhões de toneladas foram perdidas com a seca. Na ocasião, a produção foi frustrada em 20%. A safra paranaense, que tinha potencial para 11,8 milhões de toneladas, rendeu 9, 4 milhões. Neste ano, os agricultores devem, conforme a Seab, colher 9,9 milhões de toneladas, uma quebra de 18% (-2,3 mi de t).

Diferença - A diferença da safra atual para a de 2005/06 é que há três anos o Brasil enfrentava sua segunda quebra de safra consecutiva. No Paraná, a seca havia levado dos sojicultores outras 3 milhões de toneladas no ano anterior, uma quebra de 24%. Isso tudo justamente no momento em que os Estados Unidos, maiores produtores, colhiam sua segunda safra seguida acima de 80 milhões de toneladas e a Argentina, grande exportadora, colhia, pela primeira vez, mais de 40 milhões de toneladas de soja. A oferta farta de grãos deprimiu os preços, o que agravou ainda mais a já complicada situação dos brasileiros.

Plantio de 1º de outubro a 10 de dezembro -  O zoneamento agroclimático da soja contempla quase todos os 399 municípios do Paraná, exceto alguns da Região Leste, no Litoral. Os períodos mais recomendados para plantio variam de acordo com clima, solo, altitude e cultivares. Mas, de modo geral, vão de 1.º de outubro a 10 de dezembro. São mais de 80 cultivares indicadas para cultivo, desde variedades superprecoces até de ciclo tardio. As regiões Norte e Oeste do Paraná geralmente plantam muita soja do cedo para fazer safrinha de milho, plantada entre fevereiro e março. O zoneamento agroclimático da segunda safra de milho não contempla as demais regiões do estado. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)

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