Governo do Paraná incentiva produção de algodão
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O Paraná, que já foi o primeiro produtor de algodão no País no início da década de 90, deverá ter sua produção reativada a partir desta safra. O governador Roberto Requião assinou o Decreto 3.770, que cria incentivos fiscais para os setores de beneficiamento e industrialização do produto. Com isso, a alíquota de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na venda de algodão em pluma, que atualmente é de 12%, será reduzida em 50% na venda para fora do Estado e em 80% nas vendas internas. Na prática, as empresas poderão recuperar créditos pagos antecipadamente na compra de insumos.
Vendas - Com as vendas da pluma de algodão para indústrias de outros estados, as beneficiadoras passam a recolher 6% de ICMS. Nas vendas internas, as empresas passam a recolher 2,4%. Essa operacionalização inicia na prática a partir de fevereiro do ano que vem, quando começa a colheita do algodão no Paraná. A expectativa da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) é que as indústrias possam pagar mais aos produtores, situação que deverá estimular o plantio e aquecer novamente toda a cadeia produtiva, que já foi vigorosa no Estado, prevê a engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Seab, Vera da Rocha Zardo.
Retomada - As cooperativas, responsáveis por 60% da industrialização do algodão no Estado, comemoraram a decisão do governador, que estava sendo aguardada há anos. De acordo com o gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra, o decreto do governo deverá movimentar novamente toda a cadeia produtiva, que perdeu força no Estado desde que a cultura entrou em decadência. Os municípios pobres das regiões Centro-Oeste, Noroeste e Norte deverão ser os mais beneficiados com a reativação da lavoura de algodão
Paraná - No Paraná, a cultura atingiu seu pico de produção em 1992, quando a área de plantio chegou a 705 mil hectares, a maior do País. Com a abertura do mercado, durante o governo Collor, o algodão brasileiro perdeu competitividade diante da entrada de produto subsidiado de outros países produtores. Desde então, o Brasil saiu da condição de exportador de algodão, passando a ser importador. O Paraná foi o mais prejudicado. Foram perdidos mais de 200 mil empregos diretos no campo, a área de plantio caiu para 30 mil hectares na safra 2002/03, a menor área plantada nos últimos anos e mais de 100 usinas de beneficiamento foram embora do Estado, permanecendo cerca de 20 indústrias, aproximadamente.
Produção - Com a desestruturação da cadeia produtiva, toda a economia gerada pela cultura se perdeu, como pesquisa, venda de insumos e da indústria. O número de produtores foi reduzido de 70 mil para cerca de 2,5 mil a 3 mil no máximo, disse a técnica do Deral. Eles deixaram de investir na cultura e o algodão do Paraná perdeu produtividade para a produção dos estados do Centro-Oeste do País, que surgiram num sistema de produção mais rentável. A produção de algodão nesses estados ressurgiu com o apoio dos governos, que concederam benefícios fiscais semelhantes ao que está sendo concedido agora pelo governo Requião, explicou Vera Zardo. Com isso, a expectativa é que a produção de pluma, atualmente avaliada em 35 mil toneladas, avance para 120 mil toneladas ao ano.
Demanda - Para atender essa demanda, a área plantada poderá passar de 50 mil hectares para 110 mil hectares. E a produtividade poderá crescer de 160 para 200 arrobas por hectare, com o aumento da aplicação de insumos. A criação de empregos deverá saltar dos atuais 15 mil empregos para 37 mil postos de trabalho no campo. O Deral está prevendo ainda o aumento do faturamento com a venda de insumos para a cultura do algodão, que atualmente gira em torno de R$ 44 milhões, para cerca de R$ 90 milhões por ano. (O Estado do Paraná)