FOCO DE AFTOSA: Doença não ameaça rebanhos do Paraná
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Embora haja preocupação sobre a repercussão no mercado, o foco de febre aftosa ocorrida neste final de semana no município de Eldorado, no Mato Grosso do Sul, não ameaça os rebanhos do Paraná, pois as autoridades adotaram medidas enérgicas para evitar a expansão da doença e acreditam nas medidas de controle tomadas adotadas pelas autoridades sanitárias daquele Estado. O secretário da Agricultura em exercício, Newton Pohl Ribas, disse que a confiança no Mato Grosso do Sul é justificada pela portaria baixada no último sábado (8/10) pelo governo estadual, que considera os municípios de Eldorado, Itaquirami, Iguatemi, Mundo Novo e Japorã, como áreas de risco sanitário. A portaria também proíbe o trânsito de animais de qualquer natureza dentro dos cinco municípios citados, assim como o tráfego entre eles. Também está proibido o trânsito de qualquer produto ou subproduto de origem animal, num raio de 25 quilômetros da propriedade do foco. O documento determina a instalação de barreiras sanitárias para que a decisão seja cumprida devidamente.
Fazenda ainda não liberou recursos - O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Gabriel Maciel, disse hoje que ainda não é possível avaliar o impacto econômico que a ocorrência do foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul poderá trazer para o Brasil. “Ainda é prematuro trabalhar com conjecturas, porque ainda não temos elementos suficientes para fazer o diagnóstico. O importante é que todas as medidas sanitárias emergenciais para evitar a disseminação do foco foram adotadas”. O secretário informou que o Mapa programou em seu orçamento deste ano recursos da ordem de R$ 3,5 milhões para o combate à febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Ele explicou, no entanto, que os recursos ainda não foram repassados porque existem mecanismos de liberação que devem obedecer a todo um planejamento feito pelo Ministério da Fazenda. Gabriel Maciel disse ainda que o ministro Roberto Rodrigues está negociando com o Ministério da Fazenda recursos extras de R$ 90 milhões para a sua pasta. “Deste total, R$ 35 milhões serão destinados para a defesa sanitária animal”, acrescentou o secretário.
Fronteiras fechadas - O Governo do Paraná decidiu fechar suas divisas com o Mato Grosso do Sul até que se tenha uma melhor avaliação da situação. “A medida visa resguardar o patrimônio agropecuário do Estado”, afirmou. Ele disse que a confiança de que o Paraná está protegido por qualquer ameaça de ser atingido pela doença é justificada pelo excelente trabalho de vigilância epidemiológica desenvolvido. “Nossos esforços e ações envolvem tanto as medidas de prevenção primária, que têm como objetivo impedir o ingresso do vírus no Paraná, como as medidas secundárias. Estas são adotadas em caso do vírus entrar no Estado. As medidas secundárias visam impedir que a doença se manifeste e, caso isso ocorra, propague-se pelo território paranaense”, disse Ribas.
Prevenção - Entre as medidas de prevenção primária, explica Newton Pohl Ribas, a Secretaria da Agricultura desenvolve eficiente operação no controle de trânsito. Controla a entrada de animais e produtos de origem animal 24 horas por dia. Este monitoramento é realizado por meio dos postos fixos da Classpar (Empresa de Classificação do Paraná), sob coordenação dos técnicos da Departamento de Defesa, Fiscalização e Sanidade Agropecuária (Defis). Nesta operação só é permitida a entrada de animais e produtos de origem animal acompanhados de documento emitido por órgão oficial na origem. O documento deve confirmar a inexistência de qualquer problema sanitário. “É importante lembrar que o Paraná possui um dos poucos sistemas de barreira de trânsito informatizado, o que permite o rastreamento das cargas em tempo real”, diz o secretário.
Vacinação - Quanto às medidas de prevenção secundária, o Paraná adota a vacinação contra a febre aftosa. O Estado tem excelentes índices de cobertura vacinal, com atenção especial aos municípios de fronteira. O Departamento de Fiscalização, Defesa e Sanidade Agropecuária conta com uma estrutura de 122 unidades veterinárias, 187 subunidades e 30 postos fixos da Claspar. No momento, os técnicos concluem um inquérito soro-epidemiológico com o objetivo de comprovar a ausência do vírus no Estado. O Paraná é um dos poucos Estados do País que realiza duas etapas de vacinação durante o ano contra a febre aftosa. “Com isso, obtemos excelentes índices. A realização das duas etapas de vacinação, que ocorrem nos meses de maio e novembro, visa alcançar todas as faixas etárias dos animais”.
Conesa - A Secretaria da Agricultura ainda conta com a atuação de uma equipe de técnicos, conhecida como Grupo Especial de Ação em Suspeitas de Enfermidades (Gease). Na luta contra a febre aftosa no Paraná, há um trabalho de parceria que envolve 35 entidades integrantes do Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa), que envolve a participação de 161 conselhos intermunicipais e municipais de sanidade agropecuária. Este envolvimento reflete o comprometimento de toda a sociedade na luta contínua de vigilância contra a febre aftosa. Como resultado, há um incremento do controle de fiscalização de trânsito interno de animais e produtos nas regiões de maior risco, por meio das unidades móveis. Uma das ferramentas fundamentais utilizadas pela Secretaria da Agricultura é o sistema informatizado de vigilância e controle, indicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como modelo no País.
Dez anos sem a doença - “É válido ressaltar que estamos há mais de 10 anos neste trabalho integrado, que teve início em 15 de maio de 1995. Desde esta data, não houve nenhuma ocorrência de aftosa no Paraná, apesar de freqüentes episódios de recrudescimento da doença, envolvendo outros Estados e países vizinhos. As medidas de biossegurança, que vendo sendo adotadas, tem sido eficientes, impedindo a entrada no vírus em nosso Estado”, lembra o secretário. (Agência Estadual de Notícias e Mapa).