Ferrugem em lavouras dos EUA pode acalmar brasileiros

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A chegada da ferrugem de soja aos Estados Unidos pode ser uma luz no fim do túnel para os produtores brasileiros. A avaliação é Fernando Muraro, diretor da Agência Rural, de Curitiba. Os norte-americanos sabiam que um dia a doença chegaria aos campos de produção por lá, e se prepararam para esse dia, mas os custos serão irreversíveis.

Incremento - A ferrugem provoca forte elevação nos gastos com produção, um gosto amargo já experimentado pelos brasileiros que perderam US$ 4 bilhões nas duas últimas safras. Nos Estados Unidos, a elevação nos custos de produção deverá ser de US$ 50 a US$ 60 por hectare, diz Muraro.

Instabilidade - A presença da ferrugem da soja em território norte-americano gera uma série de dúvidas no mercado dos EUA. Por ora, a ferrugem afeta uma área que representa apenas 10% da produção norte-americana. Mas, como ocorreu no Brasil, pode se espalhar rapidamente para as áreas de maior produção. Na avaliação de Muraro, a chegada e o avanço da ferrugem nos EUA devem afetar a intenção de plantio dos norte-americanos na próxima safra, que começará a ser semeada em abril e maio de 2005. As plantas afetadas pela doença foram achadas em campos experimentais da Universidade de Louisiana. As atenções se voltam agora aos testes que serão feitos para verificar a doença em Estados vizinhos, como o Mississippi.

Conseqüências - O aumento de custos pode forçar parte dos produtores a sair da soja e ir para o milho. Este produto está com forte demanda, principalmente devido à adição de etanol vindo do grão à gasolina. Além disso, quando o produtor olha para os mercados futuros de 2005 da Bolsa de Chicago vê que o milho oferece uma rentabilidade maior do que a da soja. A produção média de milho nos EUA é de 9 mil quilos por hectare. A chegada da ferrugem pode ser também o fim das férias de verão dos produtores norte-americanos. Como o plantio nos EUA é de soja transgênica, os norte-americanos pulverizam a lavoura uma ou duas vezes e saem de férias. A ferrugem exige um monitoramento contínuo e ação rápida quando detectada. Esse é mais um motivo para o produtor optar pelo milho, diz Muraro. Se os norte-americanos pisarem no freio na produção de soja, a oferta mundial pode diminuir, e os preços pararem de cair, o que seria um alívio para os brasileiros. E essa decisão dos norte-americanos ocorre antes de os brasileiros iniciarem o plantio da safra 2005/2006. (Zero Hora)

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