EXPEDIÇÃO SAFRA I: Safra do PR desafia o La Niña
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Com toda cautela que o tema requer, principalmente em ano de La Niña, variável decisiva na projeção da temporada, no ciclo 2010/11 a soja do Paraná tem potencial para igualar o desempenho excepcional registrado na safra anterior. A partir do levantamento realizado pela Expedição Safra, o Indicador de Safra Gazeta do Povo aponta, neste momento, para uma produção estimada de 13,87 milhões de toneladas, volume ligeiramente superior às 13,86 milhões/t colhidas exercício 2009/10. A previsão, que considera um recuo na produtividade média, para 2.970 quilos/hectare, ou 49,5 sacas/ha, trabalha com um aumento de 4,5% na área, que cresce em cima do milho.
Área menor - A extensão destinada ao cereal de verão encolhe em mais de 170 mil hectares. Ele foi preterido basicamente por dois motivos. Apesar da cotação atual, atrativa, a relação custo/rentabilidade da safra passada desestimulou o plantio. A reação nos preços internos, a partir de agosto, aconteceu depois que a decisão de cultivo já havia sido tomada. O segundo fator é que o milho tem um risco climático maior do que a soja, que além de mais liquidez suporta mais e melhor possíveis veranicos, períodos de estiagens no desenvolvimento das lavouras, típicos do La Niña.
Produção x mercado - De qualquer forma, com mais soja e menos milho - puxado pelo cereal, o resultado total das duas culturas tende a ficar abaixo das 20,6 milhões de toneladas colhidas no ano passado -, o fato é que o mercado está e deve continuar em alta. Para os contratos de maio de 2011, que refletem a safra brasileira, a oleaginosa fechou o pregão desta segunda-feira (08/11), na Bolsa Chicago, cotado a US$ 12,91/bushel, ou US$ 28,47/saca de 60 quilos. O cereal, para o mesmo vencimento, encerrou as negociações a US$ 6,10/bushel ou US$ 14,40/saca de 60 quilos. O primeiro contrato, com liquidação para novembro da soja e dezembro do milho, fechou a segunda-feira valendo US$ 12,69 e US$ 5,90, respectivamente. Os preços internacionais em alta contribuem, inclusive, para amenizar o impacto negativo do câmbio, que, com o real valorizado, deixa as exportações pouco atraentes.
Custos - A Expedição Safra constatou uma redução no custo de produção, em torno de 6,8% na soja e de 3,5% no milho. O desembolso menor é sustentado pelo recuo dos preços dos fertilizantes e agroquímicos. A variação no custo, porém, depende da época de aquisição dos insumos. Quem deixou para comprar na boca da safra, quando os preços foram reajustados, pode não ter sido beneficiado com o custo menor.
Relativo - A queda no preço dos insumos foi ofuscada pelo aumento dos custos operacionais do plantio, relata Nei Cesconetto, gerente de assistência técnica da cooperativa Coamo, de Campo Mourão (Centro-Oeste). Segundo ele, enquanto os insumos básicos como sementes e fertilizantes caíram em média 15%, os gastos com óleo diesel e mão-de-obra, por exemplo, aumentaram 14%. Ainda assim, plantar soja e milho está entre 3% e 5% mais barato no ciclo 2010/11, calcula. Moasir Sartori, de Palotina (Oeste), conta que quem comprou insumos em dinheiro levou vantagem. Já aqueles produtores que fizeram troca por produto terão que arcar com custos similares aos da temporada passada.
Milho - Na propriedade de 550 hectares que mantém em Ponta Grossa (Campos Gerais), Luiz Eduardo Pilatti reduziu em 37% o espaço destinado o milho neste ano. O cereal, que no ciclo anterior ocupava 150 hectares, terá apenas 95 hectares na temporada 2010/11. Na área da cooperativa Bom Jesus, com sede na Lapa (Sul), o cereal perdeu 30 mil hectares (15%). Essa área permitiu aumento de 5% na área da soja. (Caminhos do Campo / Gazeta do Povo)