ESTIAGEM VI: USDA reduz estimativas para produção de soja e milho na Argentina
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A estiagem que castigou importantes regiões produtoras de grãos da Argentina nas últimas semanas levou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a reduzir suas estimativas para produção e exportação de soja e milho do país nesta safra 2011/12, que está em fase de colheita no Hemisfério Sul. Também em virtude da seca, o órgão americano, que tem status de ministério, ajustou para baixo sua projeção para a colheita de soja no Brasil. Mas, nesse caso, a mudança foi bem menos expressiva do que as que foram perpetradas no quadro de oferta do vizinho.
Mundo - Na visão global do USDA sobre o comportamento da oferta e da demanda dos principais grãos nos EUA e no mundo, o principal problema está nas plantações argentinas de milho. O órgão reduziu sua previsão para a produção do grão no país para 26 milhões de toneladas, ante as 29 milhões estimadas em dezembro e as 22,5 milhões da temporada passada (2010/11). Em linha com os cálculos de produtores e agroindústrias da Argentina, a redução da produção considerada pelo USDA se refletiu na projeção do órgão para as exportações do cereal do país em 2011/12, que caiu de 20 milhões para 18,5 milhões de toneladas. Em 2010/11, foram 15 milhões, de acordo com o órgão.
Brasil - Apesar de também estar sofrendo os reflexos negativos da estiagem provocada pelo La Niña em suas lavouras da região Sul, o Brasil foi deixado de lado nas revisões do USDA. O departamento manteve sua estimativa para a produção do país em 2011/12 em 61 milhões de toneladas - a Conab prevê 59,2 milhões e tende a diminuir a previsão no levantamento que divulgará no mês que vem - e preservou as exportações em 8,5 milhões. A significativa diminuição da produção e das exportações argentinas não teve consequências relevantes no tabuleiro global de oferta e demanda de milho desenhado pelo USDA. A estimativa do órgão para os estoques finais mundiais do cereal inclusive cresceu 0,7% em relação ao número de dezembro, para 128,14 milhões de toneladas, mesmo patamar de 2010/11.
Milho - Se mesmo com os danos causados pelo La Niña a produção e as exportações argentinas de milho ainda deverão ser significativamente maiores que no ciclo passado, o mesmo já não acontece na soja, cujos avanços sobre 2010/11 foram colocados definitivamente em xeque. O USDA baixou sua projeção para a colheita da oleaginosa no país sul-americano para 50,5 milhões de toneladas, ante as 52 milhões previstas em dezembro e as 49 milhões da temporada passada. No caso das exportações, a estimativa encolheu em 1 milhão de toneladas, para 9,8 milhões. Em 2010/11, foram 9,21 milhões.
Conab - O órgão americano baixou a projeção para a produção brasileira em 2011/12 em 1 milhão de toneladas em relação a dezembro, para 74 milhões, agora 1,5 milhão a menos que no ciclo anterior. Paradoxalmente, a estimativa para as exportações brasileiras foi elevada em 500 mil toneladas e passou a 39 milhões. Com os problemas provocados pela seca, a Conab estima a colheita de soja no país em 71,8 milhões de toneladas; as exportações, em 32,4 milhões.
Estoques - O fato é que, no tabuleiro do USDA, o Brasil será o maior exportador de soja em grão do planeta em 2011/12, à frente dos EUA (34,7 milhões de toneladas) e da Argentina. Em relação a dezembro, o USDA ampliou a projeção para a produção de soja nos EUA, mas o volume de exportações foi reduzido. Com isso, a previsão para os estoques finais do país cresceu em 19,6%, para 7,49 milhões em 2011/12, o que tende a pressionar as cotações internacionais. Em 2010/11, os estoques finais americanos foram de 5,85 milhões de toneladas. Já os estoques finais mundiais foram corrigidos para baixo em 900 mil toneladas, e, segundo o USDA, agora serão mais de 5 milhões de toneladas menores que em 2010/11. (Valor Econômico).