ESTIAGEM II: Agricultura do PR pede socorro

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A chuva dos últimos dias no Estado não deve alterar o quadro de quebra na safra provocada pela seca dos últimos 60 dias. Para muitos agricultores o cenário se mostra desolador, especialmente por não terem como quitar as dívidas de plantio. A situação é grave, como define o Departamento de Economia Rural da Secretaria de Agricultura do Paraná (Deral-Seab). Municípios lindeiros às plantações já contabilizam baixo recolhimento de impostos diante das perdas na agricultura e reivindicam que o governo estadual avalize os decretos de situação de emergência nestas cidades. A lavoura mais atingida é a de milho, com índices de perda de 80% a 100% em todo o Estado. Quem plantou soja também teve perdas expressivas da ordem de 50% a 60%.

Prejuízos chegam a R$ 1,5 bilhão - Os números são eloquentes e assustam quando comparado com dados do governo do Estado. Como noticiado pela Folha de Londrina no final do ano passado, a Seab contabilizava até 15 de dezembro perda geral nas lavouras de 30%. Em termos financeiros, até a primeira quinzena de dezembro, agricultores paranaenses já somavam prejuízo R$ 1,5 bilhão. ''A situação agora é bem mais grave'', declara Otmar Hubner, chefe interino do Deral-Seab. Ele ressalva que nenhum outro levantamento foi feito desde o dia 15 de dezembro até agora. ''As notícias que temos dos agricultores são preocupantes'', pontua.

Sem colheita - ''Não vou colher nada de milho'', informa Rui Roseghini, agricultor de Ivailândia, distrito de Engenheiro Beltrão (30 km ao norte de Campo Mourão). Plantando soja, milho, algodão e mandioca, o agricultor afirma que perdeu 60% da lavoura de soja e 100% de milho. ''Vou me safar, em parte, porque plantei mandioca'', diz, resignado. Ele conta que em anos anteriores chegou a colher 242 sacos de milho por alqueire e 140 sacas de soja. ''Agora, se der, vou colher 60 sacas de soja por alqueire'', prevê, duvidando da própria estimativa. A prefeita de Centenário do Sul (91 km ao norte de Londrina), Veralice Pazzotti, diz que o desespero toma conta dos agricultores. ''A dívida dos produtores nos bancos é grande, o governo federal precisa ajudar'', declara a chefe do município, que tenta desde o ano passado conseguir do Estado a decretação de emergência. Por conta do que foi noticiado, a prefeita informou que o vice-governador do Paraná, Orlando Pessuti, esteve no município no final do ano para avaliar a situação de ''calamidade'' dos agricultores. ''Por enquanto, não temos nenhum sinal de apoio financeiro por parte dos governos federal e estadual'', ressalva.

Dívidas preocupam - A prefeita Santa Mariana (16 km a leste de Cornélio Procópio), Maria Aparecida de Souza Bassi informa que terá reuniões com o Ministério de Agricultura e a Seab está semana, em Curitiba, onde espera conseguir medidas que atenuem as dívidas dos agricultores. ''Vou até à Defesa Civil do Estado, pois pretendo conseguir o Decreto de Emergência. Não dá mais para esperar'', argumenta. A prefeita espera conseguir financiamentos, rolagem da dívida agrícola e também subsídios para o plantio da próxima safra.

Levantamento Conab - A Conab informou que pretende divulgar nos próximos dias o resultado da produção de grãos para 2008 e 2009. Entretanto, o levantamento feito pelo órgão aconteceu entre os dia 16 de novembro e 18 dezembro do ano passado. O período auferido pela Conab ocorreu justamente durante a estiagem, que foi entre os dias 13 de novembro e 23 de dezembro. Os dados podem estar comprometidos, pois a quebra na safra só foi sentida pelos agricultores no final do ano passado. (Folha de Londrina)

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