Especialistas prevêem safra brasileira em 52 milhões de toneladas
- Artigos em destaque na home: Nenhum
Logística - A preocupação reflete o fato de a logística brasileira ter-se mostrado extremamente deficitária para embarcar grandes volumes de grãos ao mercado internacional. "Perde-se de 4 a 5 horas por dia na mudança de turno dos profissionais que trabalham nos portos. Além disso, há a questão do assoreamento do Porto de Paranaguá, as filas de caminhões e de navios aguardando o embarque, e as péssimas condições de algumas das principais estradas que cortam o País", diz Trigueirinho. "A situação, de fato, é bastante complicada, principalmente com relação aos embarques em Paranaguá, que sofreram redução de 68% no último ano", diz Carlo Filippo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) e da Abiove. Com a perspectiva de aumento da ordem de 6% no consumo mundial, que deve alcançar 201,9 milhões de toneladas este ano, caberá ao Brasil, ampliar a oferta mundial. Isso porque, dentre os maiores produtores mundiais - Estados Unidos, Brasil, China, e Argentina - somente o Brasil possui área de sobra para alavancar a produção. "Estima-se que existam 110 milhões de hectares disponíveis para o cultivo de soja no País, área que pode resultar numa produção de 330 milhões de toneladas", estima Celso Carlos dos Santos Júnior, superintendente da Cocamar Cooperativa Agroindustrial.
Concorrência - Na Argentina, onde o cultivo se situa atualmente em 13,6 milhões de hectares, área que deve proporcionar uma safra de 35 milhões de toneladas este ano, existe um potencial de 3,5 milhões de hectares que podem ser incorporados nos próximos anos, somando 17 milhões de hectares naquele país, o que pode resultar numa safra de 46 milhões de toneladas. Na China, a área deve ser mantida e a safra do país tende a se situar entre 16 milhões e 16,5 milhões de toneladas. Já os Estados Unidos, ainda que tenham demonstrado recentemente, intenção de plantar mais 810 mil hectares na safra 2004/05, após cinco anos de estabilidade, devem sofrer um longo período de estiagem até meados de 2005, segundo relevam as previsões meteorológicas sobre o acompanhamento do ciclo de manchas solares, fenômeno responsável pela ocorrência de seca no Meio-Oeste dos Estados Unidos.
Desvantagens comerciais - Apesar da eficiência brasileira na produção, ainda resta muito a ser feito nos campos logístico, tributário e no tocante ao marketing internacional. Para Trigueirinho, a tributação de 12% de ICMS para transitar com a soja dentro do País precisa ser revista, assim como as barreiras de protecionismo no mercado externo. "Existem barreiras comerciais contra a entrada de óleo de soja brasileiro nos Estados Unidos, que taxam as importações em 19%", diz. Na bolsa de Chicago, os preços subiram ontem 1,1%. Os contratos para julho fecharam a 1.018 centavos de dólar por bushel (US$ 374,06 por tonelada), em alta de 11,5 centavos. (Fonte: Valor)