ENCONTRO DE AGENTES V: Alexandre Pellaes fala sobre o futuro em um cenário de incertezas

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3encontro agentes alexandre pellaes 30 11 2021É certo dizer um novo normal ou um novo você? Foi com este questionamento que o especialista em trabalho, Alexandre Pellaes, iniciou sua fala na tarde desta segunda-feira (29/11), no Encontro dos Agentes promovido pelo Sistema Ocepar, por meio do Sescoop/PR, e realizado por videoconferência. Ao conversar sobre o futuro das relações de trabalho, Pellaes trouxe à tona questões como incerteza, protagonismo, vulnerabilidade, adaptabilidade e muitas outras que permeiam o assunto no cenário de hoje. “Toda vez que a gente fala de futuro nos colocamos na posição de vítimas, como se não tivéssemos controle pelo que vai acontecer. Mas a ideia dessa conversa é exatamente sair desse lugar de vítimas e assumir o papel de protagonistas, assumindo a responsabilidade e admitindo que podemos influenciar nosso futuro”, disse.

Um novo jeito de pensar - Com mais de 20 anos de experiência na área de gestão, modelos organizacionais e significado do trabalho, Pellaes falou da importância de buscar um significado para o trabalho que realizamos nesse novo mundo que, segundo ele, não é tão novo assim. “Temos que parar de cultivar certezas e cultivar valores. Entender o motivo do que fazemos, o propósito, e, principalmente, que deixamos a nossa marca por meio do trabalho. Então, se pergunte: você tem imprimido a sua melhor versão? O importante não é fazer somente o que lhe é demandado, mas assumir um compromisso com o que faz e entrega. E aí muitos podem perguntar: o que vou ganhar com isso?  Gente, o que vou ganhar é vida! Construção de legado, reconhecer que não devemos esperar pela inspiração, mas ser a inspiração”, pontuou.

Impactos - Segundo Pellaes, essa mudança de foco do “entregar por entregar, fazer por fazer” para o “saber o significado do que faço e entregar o meu melhor” gera dois impactos. O primeiro é o alcance, as ramificações que um trabalho bem-feito tem. “Você nunca sabe até onde seu trabalho pode chegar. Ele tem ramificações incríveis. Às vezes a gente não enxerga o poder que tem num sistema, que temos um papel. E o poder que vocês, cooperativistas, têm na mão é incrível. O segundo impacto é que a gente nunca sabe por quem nosso trabalho será visto. Sempre tem alguém se espelhando em você, que enxerga o seu jeito especial e diferente de fazer as coisas, que olha de canto de olho e diz que quer ser igual a você. E às vezes é quem menos imaginamos. Pode ser um estagiário, um filho de cooperado, ou alguém que sequer conhecemos. A marca do seu trabalho nunca passa desapercebida. Portanto, se aproprie da beleza da entrega, seja um impacto positivo”, afirmou.

Confira alguns insights da palestra de Alexandre Pellaes:

- O mundo agora, mesmo complexo, é repleto de oportunidades.

- No cenário de hoje, o futuro do trabalho está baseado no conceito de aprendizagem intencional, no qual o desejo de buscar conhecimento vem de dentro para fora. O desafio de vocês, é acender essa lâmpada do desejo pelo aprendizado. E muito do ensinamento vem do exemplo.

- Você tem enxergado o seu valor? Muitos de nós perdemos a habilidade de reconhecer o nosso próprio brilho e impacto.

- Já vivíamos um mundo de incerteza. Sócrates disse que “só sei que nada sei”. E admitir que não sabemos tudo nos deixa mais confortáveis em lidar com a incerteza.

- A certeza é uma expressão de prepotência, de ingenuidade, portanto, quando reconhecemos e aceitamos a nossa humanidade, a gente aceita incerteza e se livra do estresse da certeza.

- A incerteza não é de agora. Já vivíamos o mundo V.U.C.A (Volatile/Volátil, Complex/Complexo e Ambiguos/Ambíguo). Com a pandemia, os estudiosos dizem que evoluímos para o mundo B.A.N.I (Frágil, Ansioso, Não linear e Imcompreensível). Na minha visão, vivemos mesmo é o mundo M.U.V.C.A (Meaningful/Significado, Universal, Volatile/Volátil, Complex/Complexo e Ambiguos (ambíguo).

- O resultado do trabalho depende da nossa interpretação individual. Temos que discutir como a gente compreende o trabalho.

- Liderança não é um cargo. É uma mentalidade. Não é atributo de uma pessoa, mas a capacidade de se conectar, a capacidade de se relacionar, a qualidade da relação que cultivamos, a influência que você tem sobre outra pessoa.

- Muitos líderes que concentram poder não fazem isso porque são malvados, mas porque chegaram lá com a mentalidade da obediência e autoridade. Mas a realidade mudou. Vivemos a terceira onda do trabalho.

- Ao ter consciência que nesta nova onda de trabalho a questão principal é cultivar valores e encontrar o significado do meu trabalho, eu posso relaxar e falar em protagonismo. Mas é um protagonismo com maturidade, que demanda coragem, porque haverá práticas na organização você não concorda e que são difíceis de mudar. Então, precisa coragem para expor seu pensamento, propor uma estratégia de mudança. E com respeito, enxergando um legado foi construindo até aqui, porque senão o seu protagonismo será visto como rebeldia juvenil. Nossa postura tem que ser vista como um inconformismo saudável, algo que leva a algum lugar.

- Há quatro níveis de aprofundamento de conexão com o trabalho: 1) O primeiro é aquele em que a pessoa se limita a responder perguntas que lhe são feitas; 2) O segundo já é um avanço, pois a pessoa escuta as perguntas, processa e executa as tarefas; 3) No nível, já compreende o problema e tenta resolver; 4) Mas no quarto nível, ela resolve não só resolve o problema, como cria soluções.

- Ao pensar no futuro do trabalho não podemos confundir veloz com apressado. Temos que fazer rápido, mas com excelência. Também não podemos confundir respeito com omissão. Muitas vezes engolimos nossa opinião por preguiça de ter que se envolver, de ter que defender a nossa ideia ou se expor.

- O que você faz quando com os limões que a vida lhe dá? Não esprema nos olhos! Pare de ficar chorando sobre os problemas que acontecem. Não garre amor pelo sofrimento. Esqueça o plano ideal, aquele que você traçou com cuidado e sonhou realizar. Hoje trocamos a palavra resiliência por plasticidade neuronal porque o caminho é mudar nossa forma de pensar, com vulnerabilidade e leveza para nos adequar ao mundo M.U.V.U.C.A.

 

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