EMBRAPA I: Congresso discute produção e uso de insumos biológicos na sojicultura

  • Artigos em destaque na home: Nenhum

embrapa I 19 05 2022O crescimento, os desafios e oportunidades do uso de insumos biológicos foram o tema de um painel realizado na manhã de terça-feira (17/05) durante o IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja, em Foz do Iguaçu (PR). Com foco no controle biológico de pragas e doenças, os painelistas mostraram o aumento da oferta de produtos no mercado, os benefícios dessas ferramentas e a importância do uso correto para garantir a eficiência.

Movimentação - De acordo com dados da consultoria Blink, apresentados por Marcelo Poletti, da Promip Manejo Integrado de Pragas, o mercado de insumos biológicos no Brasil em 2021 movimentou R$ 2,34 bilhões. A expectativa é que esse número passe para R$ 9,09 bilhões em 2030. Retirando desta conta os inoculantes, hoje os bioinsumos mais utilizados, os números são de R$ 1,71 bilhões em 2021 passando para R$ 8,08 bilhões em 2030. Os bioinseticidas são os produtos com maior crescimento.

Fatores - Entre os fatores para o crescimento no Brasil estão questões como o aumento do uso em grandes culturas (a soja responde por 55% do mercado); aumento na diversidade de novos produtos; aumento da intensificação de práticas de manejo integrado de pragas (MIP); percepção da necessidade de redução do uso de defensivos químicos; aumento do uso das ferramentas e práticas de agricultura de precisão; e aumento da demanda de mercado por alimentos com baixo nível de resíduos.

Redução - Outro fator apresentado pelo painelista Rodrigo Mendes Maciel, da F. Bio Soluções Biológicas, é a redução da quantidade de insumos químicos disponíveis para a agricultura nos últimos anos. Seja pela perda da eficiência dos princípios ativos ou por restrições legais, produtos foram retirados do mercado, enquanto poucas novas moléculas foram lançadas e disponibilizadas para uso.

Oportunidade - De acordo com Maciel, tudo isso representa uma oportunidade para o produtor, no sentido de diversificar as ferramentas de controle de pragas e doenças. “A gente não salva o mundo com uma ferramenta somente. Mas deixar de usar uma ferramenta é perder oportunidades de ter maior êxito na lavoura”, disse Rodrigo Maciel. Apresentando dados de pesquisas com uso do controle biológico dentro da estratégia do MIP, ele mostrou que é possível reduzir o número de aplicações de inseticidas sem ter perdas de produtividade, o que representa redução de custos para o produtor.

Futuro - Falando sobre o futuro do controle biológico de doenças, Sérgio Mazaro, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná-campus de Dois Vizinhos (PR), destacou pontos que exigem atenção por parte do produtor, dos consultores técnicos, indústria, pesquisadores e governo. De acordo com ele, ainda há muito a se aprender sobre o uso e é preciso se atentar ao conhecimento técnico já existente.

Pontos de atenção - Entre os pontos que exigem atenção, ele elencou a aplicação, na qual o produtor precisa fazer com que o insumo biológico esteja viável no sulco de cultivo. Isso envolve transporte e armazenamento adequado e aplicação correta. Também destacou a especificidade dos isolados, a correta identificação do alvo biológico e consequentemente a modalidade de aplicação. “Facilidade não existe com biológicos. O produtor precisa fazer a sua parte para garantir que está usando corretamente o produto e que ele poderá ter condições de se desenvolver no ambiente”, disse Sérgio Mazaro.

Condições - As condições ambientais de aplicação, a compatibilidade com defensivos químicos e o posicionamento assertivo foram outros pontos destacados. “Podemos queimar produtos de ótima qualidade se não soubermos posicionar corretamente. Temos que testar no campo”, ponderou. Por fim, o manejo de sistemas foi outro fator destacado, demandando uma visão sistêmica, ou seja, não pensar somente na soja, mas sim nas outras culturas que fazem parte do sistema produtivo.

Perguntas - O painel sobre “Produção e uso de insumos biológicos na sojicultura” foi moderado pela pesquisadora Claudine Seixas, da Embrapa Soja, que trouxe aos palestrantes perguntas da plateia. Uma delas foi sobre a possibilidade de o uso indiscriminado dos inimigos naturais gerar problemas de resistência no futuro. A resposta mostrou mais uma vez a importância de se utilizar estas ferramentas com atenção, respeitando as recomendações técnicas e conforme real necessidade verificada no monitoramento da lavoura.

Racionalidade - “Temos de trabalhar com racionalidade, aplicar somente quando for necessário e com foco no alvo. Se usarmos sem controle, de forma irracional, certamente teremos problemas de resistência”, afirmou Sérgio Mazaro.

Insumos biológicos - Os insumos biológicos se dividem em diferentes grupos, como os biofertilizantes, os bioestimulantes e os produtos de controle biológicos. Neste último grupo estão produtos bioquímicos e insumos microbiológicos (vírus, fungos e bactérias) e macrobiológicos (insetos e ácaros).

CB Soja e Mercosoja - O IX Congresso Brasileiro de Soja e Mercosoja estão sendo realizados no Rafain Palace Hotel & Convention Center, em Foz do Iguaçu (PR). Os eventos são promovidos pela Embrapa Soja e terão programação até quinta-feira, dia 19.

Tema - Com o tema “Os desafios para a produção sustentável no Mercosul”, o congresso conta com seis conferências e 18 painéis, totalizando 50 palestras. Também serão apresentados 287 trabalhos técnicos em formato de pôster ou oralmente.

Arena - O evento conta ainda com a Arena de Inovação Soja, onde participantes do ecossistema brasileiro de inovação poderão se integrar, e uma feira de expositores, na qual 35 empresas apresentam as mais recentes tecnologias desenvolvidas para a cadeia de produção de soja. (Assessoria de Imprensa da Embrapa Soja)

FOTO: Sílvio Vera

 

Conteúdos Relacionados