EMBARGO II: Stephanes diz que frigoríficos entregaram carne não rastreada
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O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, declarou na quarta-feira (13/02) que frigoríficos brasileiros venderam carne bovina não rastreada à União Européia. Ele fez essa afirmação durante audiência pública realizada no Senado pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). "Hoje eu tenho certeza disto: eles (frigoríficos) exportaram para a União Européia carne rastreada e não rastreada" disse o ministro. A afirmação ocorre às vésperas da retomada das discussões com a União Européia para o fim da suspensão da venda do produto brasileiro ao bloco. A UE desconfia de falhas no sistema local de rastreabililidade do gado bovino (Sisbov) e embargou a carne brasileira no dia 1º desde o dia 1º deste mês.
Sem riscos - Stephanes reiterou, porém, que não há riscos na carne exportada pelo país e que o embargo da União Européia decretado em final de janeiro tem motivação comercial, e não sanitária. Ele afirmou que os produtores europeus de carne - liderados, entre outros, pelos irlandeses - definiram já há alguns anos o Brasil como "inimigo" comercial no setor. De acordo com o ministro, o mercado europeu está sob pressão interna (dos produtores locais), que buscam encontrar qualquer oportunidade para barrar a carne brasileira, que é mais barata. "O que está em questão hoje não é a qualidade nem a sanidade do produto nacional, mas uma questão burocrática de rastreabilidade" argumentou. Segundo Stephanes, essas exigências burocráticas do rastreamento envolvem cerca de 25 itens, como nota fiscal dos alimentos, nota fiscal das vacinas, referências aos brincos que contém os códigos de identificação e informações dos animais.
Erro ao aceitar imposições - Na avaliação dele "o Brasil errou" ao aceitar as normas exigidas pela União Européia para a venda de carne bovina, que são muito exigentes para o país e foram elaboradas para doenças como o mal da vaca louca - que causou diversas mortes naquele continente, mas que nunca teve casos registrados no Brasil. "O Brasil, porém, aceitou essa imposição e disse que iria segui-la", ressaltou Stephanes. Também presente na audiência, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) criticou o ex-ministro da Agricultura Marcus Vinícius Pratini de Morais, em cuja gestão foram aceitas as exigências da União Européia. Atualmente, Pratini de Morais é presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes
Conflito - Além da questão externa, a audiência desta quarta-feira demonstrou a existência de um conflito interno na cadeia produtiva brasileira. Segundo Stephanes, "talvez o governo tivesse a convicção de que iria implantar esse sistema de rastreamento, mas nem os frigoríficos nem os exportadores se esforçaram para implantá-lo". Nesse contexto, os senadores Kátia Abreu (DEM-TO) e Osmar Dias (PDT-PR) criticaram os frigoríficos, que, segundo eles, deveriam pagar preços maiores aos produtores que oferecem carne rastreada - atitude também defendida por Stephanes. (Agência Senado)