Em crise, criadores se desfazem de seus bens
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Preços pagos pelo boi gordo não cobrem custos; são os menores dos últimos 35 anos. Tratores à venda na beira da estrada, fazendas sendo desativadas, matrizes indo para o abate. Esse é o retrato da pecuária de corte em Mato Grosso Sul, Estado que até o ano passado tinha o maior rebanho bovino do País, posto perdido para o vizinho Mato Grosso devido ao alto índice de descarte de fêmeas. O Estado lidera o abate de vacas, que representam cerca de 55% do descarte. É a primeira vez, em cinco anos, que o abate de fêmeas supera o de machos. A crise verificada ali se estende por todo o País - estima-se que 45% dos animais abatidos sejam fêmeas. Desde julho, os preços oferecidos pelo boi gordo são os piores dos últimos 35 anos, segundo acompanhamento Scot Consultoria.
Preços em queda - Há um ano e sete meses os valores pagos pelo boi gordo são inferiores a R$ 65 a arroba (preços deflacionados) e, desde o início deste ano, menores que R$ 60 a arroba. Atualmente, o boi gordo está cotado em R$ 50 a arroba. Esse valor é inferior ao custo de produção, estimado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pecuária de Corte) em R$ 58 por arroba - trabalho realizado em Rondônia, Mato Grosso do Sul e Goiás. Ou seja, durante todo o ano de 2005 os preços se mantiveram em baixa e, além disso, praticamente não houve oscilação entre a safra e a entressafra. "Isso é cíclico. Quando uma atividade está dando dinheiro, todo mundo aposta nela e, depois, o excesso de produção faz o preço cair", diz Maria Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria. Segundo ela, entre 1996 e 2000, os preços pagos pelo boi gordo estiveram em alta. Com isso, os produtores investiram na atividade e aumentaram a oferta. A partir de então, os valores começaram a se reduzir. A queda tem sido contínua desde 2003.