É mais fácil acordo com Europa que Alca, afirma Furlan
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Negociação complexa - O ministro do Desenvolvimento e presidente da Camex, Luiz Fernando Furlan, deixou claro ontem sua falta de otimismo com a discussão da Alca e disse que o fechamento de um acordo do Mercosul com a União Européia é mais fácil. "A negociação da Alca é muito complexa. Ela é totalmente assimétrica", argumentou o ministro. Furlan criticou a proposta americana de eliminação das tarifas de importação apresentada aos países que negociam o bloco hemisférico. Ele lembrou que, ao diferenciar as ofertas pelo nível de desenvolvimento de cada país, os Estados Unidos acabaram colocando o Mercosul no fim da fila da liberalização comercial. "Obviamente, não nos colocaram na categoria mais favorecida."
Discrepância - Para Furlan, é complicado discutir um acordo em que 24 dos 34 países que o negociam têm apenas 1% do PIB da região. Ele não descartou a possibilidade de o governo brasileiro sugerir o lançamento de discussões para um acordo diretamente do Mercosul com os Estados Unidos, deixando de lado questões mais polêmicas, e afirmou que esse assunto será tratado na reunião da Camex. Furlan não escondeu seu entusiasmo, porém, com o avanço das negociações entre Mercosul e UE. Ele disse que vê essa discussão com "muito mais otimismo". "O viés emocional que se vê na negociação da Alca, até mesmo ideológico, não se percebe com a UE", avaliou o ministro.
Componentes - A Camex é composta pelos ministros do Desenvolvimento, Fazenda, Relações Exteriores, Agricultura, Planejamento e Casa Civil. Sua próxima reunião, com a participação de Lula, deverá acontecer no Palácio do Planalto. O presidente deverá receber do Itamaraty um cardápio de opções sobre a participação do Brasil nas negociações da Alca. As alternativas vão desde a limitação da abrangência do acordo até uma redefinição do seu cronograma.
Rodrigues - De acordo com o ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, não há sinais de que os Estados Unidos vão aceitar discutir apoio interno à agricultura em uma negociação regional. Esse tema deverá ser tratado exclusivamente no contexto da Organização Mundial do Comércio (OMC). Rodrigues deu uma sinalização da postura que o governo assumirá nas conversas com Zoellick. Segundo ele, o Brasil quer discutir todas as formas de subsídio. "Não vamos discutir Alca sem agricultura. Essa não é a minha posição, mas a do governo brasileiro. Ou tudo ou nada", concluiu o ministro. (Fonte: Valor)