Dívidas rurais alcançam R$ 37 bilhões

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Um levantamento inédito obtido pelo jornal Valor mostra que um terço das dívidas agropecuárias estão atrasadas. Há uma inadimplência de 46% nos débitos de médios produtores, que têm R$ 6,04 bilhões em financiamentos atrasados desde 1998. Desse total, 65% são de contratos acima de R$ 200 mil. Os empréstimos a grandes produtores registram um índice de atraso menor, de 12% - há R$ 1,5 bilhão pendurados na conta dos bancos. Os agricultores familiares beneficiados pelo Pronaf (programa nacional de apoio à agricultura familiar) têm R$ 300 milhões atrasados e não pagos - ou 11% do total emprestado. Nos fundos constitucionais do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO), a inadimplência chega a 39%. Há R$ 2,7 bilhões em débitos atrasados de pequenos, médios e grandes produtores rurais.

Estudo da Comissão de Agricultura - Os números foram consolidados num estudo pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados a partir de dados oficiais de bancos federais, privados e do Tesouro Nacional. É a primeira radiografia profunda das dívidas do setor, que será usada para sustentar um projeto de lei da própria comissão. A proposta autoriza a prorrogação de parcelas de crédito rural vencidas e a vencer até este ano. Pelos dados dos ruralistas, o Tesouro teria uma "folga" de R$ 5,221 bilhões já autorizados até 2025 pela lei da rolagem em 2002. Sem uma nova renegociação, a União deixaria de receber R$ 3,672 bilhões e poderia ter uma nova receita de R$ 5,448 bilhões até 2025 com a medida. Os dados mostram que poucos produtores honraram as dívidas securitizadas pela primeira vez em 1995 por um prazo de dez anos. No vencimento da primeira parcela, em 1997, só metade pagou. Em 1998, foram só 30%. Os motivos vão desde a ocorrência de estiagens, geadas e perda de receita até problemas pessoais com gerentes de bancos. O saldo daquela rolagem está hoje em R$ 13,133 bilhões.

Nova renegociação - A proposta dos ruralistas de fazer nova renegociação de R$ 12,3 bilhões em dívidas beneficiaria cerca de 1 milhão de produtores. Segundo o deputado Luis Carlos Heinze (PP-RS), parte das despesas com a medida já está prevista no orçamento da União pelas legislações de rolagens anteriores. "Esses despesas só não foram realizadas pelo governo", afirma. O projeto, segundo ele, busca "viabilizar" o recebimento das dívidas carregadas pela União. (Fonte: Valor Econômico).

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