Desde fevereiro Ocepar vem alertando as autoridades

A crise instalada na agricultura paranaense em decorrência das perdas ocasionadas pela estiagem durante a última safra vem sendo motivo de diversas manifestações de alerta por parte do presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, às autoridades estaduais e federais, desde fevereiro. Segundo o último levantamento do Deral, as perdas superam a casa dos R$ 2,33 bilhões, com redução de 22% na produção de grãos do Paraná. Já no mês de fevereiro desde ano, bem antes dos primeiros protestos de produtores, Koslovski enviou um ofício ao presidente Luís Inácio Lula da Silva destacando a preocupação com a redução dos preços dos principais produtos no mercado internacional e a valorização da moeda brasileira frente ao dólar. O alerta era para os prejuízos futuros envolvendo a agricultura e que agora estão sendo observados.

Dólar - No dia 8 de abril Koslovski entregou documento para o vice-presidente da República, José Alencar, durante inauguração das novas indústrias da C.Vale, alertando mais uma vez para a desvalorização do dólar e conseqüentes prejuízos às exportações do agronegócio, fato que já havia sido feito também ao ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. No último dia 16 de maio foi a vez do ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, ouvir de dirigentes as reclamações pela demora do governo anunciar recursos emergenciais para atenuar a crise que afeta a produção agrícola no Estado. O ministro participou do Fórum dos Presidentes das cooperativas, promovido pela Ocepar, em Curitiba.

Prefeitos – E ontem, o Sistema Ocepar e a Faep encaminharam documento conjunto aos 399 prefeitos paranaenses, pedindo apoio para que também intercedam junto ao Presidente Lula e aos ministros da Agricultura, Fazenda e Indústria e Comércio, aos deputados e senadores, pela implementação de medidas de socorro aos agricultores e cooperativas paranaenses. A seca, que atingiu principalmente a região Sul, provocou perdas na agricultura na ordem de R$ 10 bilhões, com redução da produção de 18,5 milhões de toneladas de grãos. Somente no Paraná estas perdas chegaram a 5,2 milhões de toneladas.

Efeito do câmbio - Segundo João Paulo Koslovski, além da estiagem, o setor se ressente com a desvalorização do dólar. Por outro lado, constatou-se nesse período a elevação dos custos máquinas, equipamentos, combustíveis e outros insumos, cujo impacto nos custos foi da ordem de 20%. Também contribuiu para a crise a baixa dos preços internacionais dos principais commodities, como a soja que teve seu preço reduzido em cerca de 40%.

Reunião na OCB – Na próxima segunda-feira (23) o presidente da Ocepar participa, em conjunto com os presidentes das organizações estaduais de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, de uma reunião convocada pela OCB para debater a crise na agricultura na região Sul. Os dirigentes também manterão contato com os ministros da Agricultura, Roberto Rodrigues, e do Planejamento, Paulo Bernardo, solicitando que interfiram junto ao Presidente da República na agilização dos recursos emergenciais.