Deputado avalia concentração no leite
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O deputado Federal, Reginaldo Lopes pronunciou, na semana passada, no Plenário da Câmara Federal, discurso em que avaliou o comportamento do governo durante a instalação da Parmalat no Brasil. Iniciou seu discurso lendo declaração do presidente do BNDES, Carlos Lessa, sobre o episódio. Embora seja tarde para reverter os problemas ocorridos com a facilitação da concentração do setor nas mãos de uma empresa multinacional, as afirmações do presidente do BNDES talvez sirvam de subsídios para os executivos do governo. As declarações de Lessa foram as seguintes:
O que disse Lessa - "Acho que é uma irresponsabilidade o país deixar que poucas grandes organizações não nacionais controlem o setor de alimentos básicos. Isso é um erro brutal, que gera até insegurança alimentar. Sempre fui preocupado com a excessiva concentração de mercado em setores chave do país. Alimento é chave. Não podemos brincar com alimento. Se ocorrer abate de vacas devido à crise da Parmalat no país, vai faltar leite para as criancinhas. Quem vai confiar na Parmalat? Eu vou confiar na Parmalat?" (Transcrição de texto publicado pela Folha de São Paulo, em 17 janeiro de 2004).
A posição
do deputado - Segundo o deputado Reginaldo Lopes, "o caso Parmalat
expõe a fragilidade financeira por que passa a maior parte das indústrias
que sobreviveram à década de 90 e, ao mesmo tempo, desnuda o modelo
liberal. As empresas pequenas e médias, cooperativadas ou não,
pelo Brasil afora, estão totalmente descapitalizadas e sem a mínima
condição de receber o leite do produtor que vendia para a Parmalat.
Sobram linhas de crédito para investimentos e não existem para
financiamento de capital de giro na quantidade e condições que
estes setores possam usufruir. Esta questão precisa ser mais pensada
e discutida. É urgente uma solução para as pequenas e médias
empresas caso o Governo queira reverter um modelo que claramente não
deu certo. Esperamos que a sensibilidade do Presidente do BNDES em seu diagnóstico
para o setor, possa se traduzir agora em propostas e soluções,
as quais serão muito bem recebidas, e que, certamente, poderão
contribuir para que seja implantada uma Política Leiteira Nacional. Que
a produção de leite deixe de ser "O Patinho Feio" do
agronegócio e cresça como gente grande, pois os produtos lácteos
estão presentes em praticamente todas as mesas do país, sendo
um dos alimentos mais nutritivos, ricos e essenciais para a saúde, além
de ser um bom negócio (que o digam os países Europeus, Estados
Unidos, Nova Zelândia e Austrália)"