CRISE DA AGRICULTURA: Três anos com perda de renda
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A perda de renda
registrada na agricultura, que motivou a realização do “Tratoraço:
o alerta do campo”, na semana passada, envolve também a pecuária.
Estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade
de São Paulo (Cepea/USP) mostra que os criadores de gado dos mais diferentes
pontos do País enfrentaram, entre janeiro e maio, a queda no preço
pago pelo boi gordo. Em Mato Grosso, por exemplo, a redução do
preço pago ao pecuarista superou a marca de 11%. Durante o mesmo período,
no entanto, subiram os custos de produção, em todos os Estados
pesquisados. O estudo considera variações de preços em
dez Estados (GO, MG, MT, MS, PA, PR, RS, RO e SP), os quais concentram 77,87%
do rebanho nacional. O presidente do Fórum Nacional Permanente da Pecuária
de Corte da CNA, Antenor Nogueira, afirma que a situação é
preocupante, pois gera desestímulo a investimentos na pecuária,
uma vez que a tendência de perda de renda do segmento vem sendo registrada
desde o segundo semestre de 2003.
Problemas também na pecuária de leite - A atual
política cambial do Governo, que mantém o dólar sub-valorizado,
valendo menos que R$ 2,40, já provocou danos à pecuária
de leite brasileira. O setor, que no ano passado registrou pela primeira vez
superávit na balança comercial de lácteos, volta a importar,
prejudicando a produção interna, a renda do produtor e a geração
de empregos. O alerta é do presidente da Comissão Nacional da
Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil (CNPL/CNA), Rodrigo Alvim, ao analisar os resultados da balança
comercial de lácteos do primeiro semestre. Entre janeiro e junho, o Brasil
exportou o equivalente a 32,7 mil toneladas de lácteos, o que gerou receita
de US$ 50,7 milhões. No mesmo período, entretanto, as importações
do segmento atingiram 40,6 mil toneladas, com gastos de divisas na ordem de
US$ 68,5 milhões. O resultado final foi um déficit na balança
comercial de lácteos de US$ 17,9 milhões. Em igual período
do ano passado, o déficit foi de US$ 7,5 milhões, e aos poucos,
foi revertida a situação. Em 2004, a balança comercial
de lácteos foi superavitária em US$ 11,5 milhões. Se as
atuais taxas de câmbio forem mantidas, será difícil repetir
esse resultado positivo em 2005, diz o presidente da CNPL/CNA.