CRISE DA AGRICULTURA: Só 8% dos agricultores conseguem financiamento integral
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Dos 49,2% dos produtores
rurais que solicitaram financiamentos de custeio de lavouras no último
plantio, não mais de 8% obtive 100% dos recursos a taxa de juro de 8,75%
ao ano. O restante teve que complementar os recursos por meio de outras linhas
de crédito, arcando com taxas de juros elevadas, e muitos ficaram obrigados
a pagar juros de mercado. Este dado foi comprovado por pesquisa realizada em
maio e divulgada agora pela CNA (Confederação da Agricultura e
da Pecuária do Brasil) junto a 2.298 agricultores brasileiros, incluindo
paranaenses. Segundo Ágide Meneguette, presidente Faep, a conclusão
é clara: grande parcela dos agricultores vem perdendo renda por conta
de frustração de safra, queda dos preços dos produtos e
alta acentuada nos custos de insumos, máquinas e implementos. Como não
consegue quitar as dívidas, incluindo as de custeio, a maioria encontra
sérias dificuldades para obtenção de novos créditos.
Inadimplência - Pelo menos 10% dos entrevistados comprometem mais de 60%
da renda bruta para quitação de parcelas de financiamentos. Para
agravar a situação, os produtores rurais também encontram-se
endividados diretamente com fornecedores de insumos. Cerca de 36% não
conseguem pagá-los. Na renegociação de dívidas com
os bancos, os agricultores passam por outro constrangimento. Apenas 11% são
atendidos na prorrogação de crédito de custeio. E não
excede a 12% o índice daqueles que conseguem prazo maior na renegociação
das dívidas de investimento. Para 34% dos consultados, a recente prorrogação
de débitos dos produtores rurais – embora alivie a situação
– ainda é insuficiente diante da gravidade do problema e da progressiva
perda de renda do setor rural. Na opinião de 38% dos pesquisados, as
medidas oficiais resolveram apenas parcialmente os problemas de crédito.
Anunciadas em abril, incluem prorrogação das parcelas vencidas
e a vencer em 2005 das linhas de investimento dos programas financiados com
recursos com recursos do BNDES.
Resultado do “Tratoraço” - Mais recentemente, em função de forte pressão do campo, através do “Tratoraço” que levou 20 mil agricultores para protestos em Brasília, a situação melhorou um pouco. O governo prometeu R$ 3 bilhões para compra de insumos, máquinas e equipamentos a juros de 8,75 ao ano. Também ampliou o prazo para quitação dos débitos. Na prática, o atendimento às reivindicações foi parcial. Por exemplo, a renegociação de dívidas antigas contempla apenas os produtores com pagamento de financiamentos em dia até 31 de dezembro último.