Cooperativismo e desenvolvimento humano

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), criado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq, é um contra-ponto de outro indicador, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que leva em conta apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. O IDH envolve, além deste, outros dois aspectos: a longevidade, que utiliza parâmetros de expectativa de vida ao nascer; e a educação, que avalia o índice de analfabetismo e a taxa de matrícula em todos níveis de ensino. As três dimensões têm a mesma importância no índice, que varia de zero a um.

O IDH tornou-se uma referência mundial. Hoje os 5.507 municípios brasileiros, dos 26 Estados e do Distrito Federal, estão “ranqueados” e fazem parte do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, um banco de dados eletrônico com informações sócio-econômicas.Com base nestes valores foi possível notar como as cooperativas fazem a diferença nas cidades onde estão presentes. Os valores médios do IDH dessas cidades, em todas as regiões do país, são maiores do que os daquelas que não têm cooperativas. Na região sudeste, por exemplo, o IDH médio das cidades com cooperativas é de 0,789, enquanto nas cidades sem cooperativas é de 0,763.

O levantamento considera as 7.355 cooperativas do Brasil, dos 13 ramos do cooperativismo. As cooperativas dos ramos agrícola e de saúde são dois bons exemplos. O diferencial de renda para os associados das cooperativas de saúde é de R$ 139,86 milhões, recursos que vão gerar consumo e circulação de mercadorias no comércio local, e contribuições aos governos estaduais na ordem de R$ 18,48 milhões (base: dez/ 2003). Já nas cooperativas agropecuárias o diferencial de renda dos associados é de R$ 28,33 bilhões, e a contribuição aos governos estaduais fica em torno de R$ 3,75 bilhões. A diferença da média salarial paga pelas cooperativas é também expressiva. No sudeste, o salário médio fora da cooperativa é de 2 vezes o salário mínimo, enquanto na cooperativa é de 4,05.

Esses números explicam porque os Índices de Desenvolvimento Humano das cidades onde estão instaladas sedes e filiais de cooperativas são geralmente maiores do que nas outras. Mas, sobretudo, refletem a doutrina cooperativista, que visa promover o social através do econômico. O cooperativismo é um movimento mundial. A primeira cooperativa de que se tem registro resultou da união de trabalhadores da indústria têxtil, na Inglaterra, para enfrentar as dificuldades advindas com a Revolução Industrial. Estes pioneiros vislumbraram no cooperativismo uma alternativa possível, e fizeram da ajuda mútua um instrumento fundamental da organização social. Um movimento que é cada vez mais atual, face às desigualdades que continuam crescendo em todo o mundo.

Fonte: 0CB - Organização das Cooperativas Brasileiras
(*) Agronegócio - Abag, julho 2005).