Cooperativas fecham o ano com faturamento de R$ 10 bilhões
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O faturamento de R$ 10 bilhões pelas cooperativas do Paraná em 2002, com crescimento de 25% sobre o ano anterior, é um dos melhores resultados alcançados pelo sistema nos últimos anos. “Esse desempenho é resultado de três fatores principais: crescimento da produção em função de investimentos realizados nos últimos anos – R$ 300 milhões em 2002 – e das condições favoráveis do mercado externo e do crescimento de alguns ramos do Cooperativismo”, afirma o presidente do Sistema Ocepar, João Paulo Koslovski, ao fazer uma avaliação do desempenho das cooperativas durante o ano.
Koslovski disse ainda que a continuidade das negociações do Recoop (Programa de Revitalização das Cooperativas Agropecuárias Brasileiras) permitiu a consolidação de vários investimentos realizados para agregação de valor à produção primária. As cooperativas investiram R$ 300 milhões, principalmente nos setores de carnes, armazenagem e recebimento de grãos, lácteos, industrialização de soja e em logística de distribuição de produtos, permitindo modernização a produção, buscando escala e melhorando a qualidade, condições essenciais para a conquista de novos mercados.
Crescimento e bem-estar social
O crescimento no recebimento da produção e no faturamento das cooperativas agropecuárias é, na opinião do presidente da Ocepar, “o destaque econômico das cooperativas paranaenses”. No entanto, Koslovski prefere ressaltar “os resultados desse desempenho na geração de emprego e na renda adicional que o Cooperativismo proporciona, com reflexos na melhoria do bem-estar social dos cooperados, familiares e colaboradores”. No último dia 9 a Ocepar divulgou o relatório Balanço Social 2001, onde relaciona dezenas de atividades desenvolvidas pelas cooperativas na área educacional, de saúde, lazer e meio ambiente, portanto fora da ação eminentemente econômica.
“Nesses setores as cooperativas aplicaram quase 15% da sua receita líquida, ou R$ 1,1 bilhão. Esse é um diferencial importante, que distingue o sistema cooperativista de outras empresas mercantis. Afinal, a promoção integral do ser humano é o objetivo final do movimento cooperativista e três dos seus sete princípios pregam claramente a educação, formação, informação, intercooperação e interesse pela comunidade”, frisa o presidente da Ocepar. Segundo o relatório, as cooperativas geraram, durante o ano passado, 2.298 novos empregos diretos; os cooperados tiveram uma renda adicional de R$ 258,4 milhões, advinda da distribuição dos resultados. Os itens seguintes compõem o relatório resumido do trabalho do sistema neste ano.
Desempenho do sistema em 2002
Exportações - Consolidou-se, ao longo do ano, a atuação das cooperativas paranaenses no comércio internacional, tendo sido exportados produtos no valor de US$ 650,00 milhões. Este valor representa 11,5% do total das exportações do Paraná, constituindo-se em recorde do setor. As vendas do complexo soja, carnes, café, milho e açúcar foram responsáveis pela maior parte esse faturamento.
Prodecoop – Foi implantado pelo governo federal, por sugestão do sistema cooperativista, o Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária, que destina R$ 250 milhões para a realização de investimentos até junho de 2003, com prazo de 12 anos para pagamento e encargos de 10,75% ao ano. Esse programa vai acelerar a expansão dos negócios do setor, aumentando a escala e melhorando a competitividade das cooperativas.
Capacitação - O Sescoop/PR (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo) realizou 790 eventos de capacitação, treinando 59.400 pessoas ligadas aos quadros funcional e social das cooperativas. O Sescoop investiu R$ 3,5 milhões no desenvolvimento humano e autogestão das cooperativas. Um convênio entre a Ocepar, Sescoop/PR, Emater, Embrapa, Iapar e Coodetec possibilitou o aperfeiçoamento de 200 profissionais de agronomia que assessoram os cooperados.
Ramos do Cooperativismo O Cooperativismo do Paraná começou o ano de 2002 com 193 cooperativas de dez ramos, com 245 mil associados e 33.495 funcionários diretos. Cada ramo tem sua importância na organização econômica dos trabalhadores:
Agropecuário – Integrado por 87.384 pessoas, é responsável por cerca de 50% da economia agrícola, embora mais de 70% dos seus integrantes sejam pequenos proprietários rurais. A organização de suas economias através do sistema cooperativo permite, no entanto, que sobrevivam da produção agropecuária processada e colocada no mercado pelas suas cooperativas.
Cooperativismo de crédito – Foi o ramo de cooperativismo que mais cresceu, especialmente o Sicredi, cujo quadro social fecha o ano com 114 mil integrantes, um crescimento de 34% em relação ao ano anterior. O sistema está presente em todo o estado através de 211 postos de atendimento. Até novembro houve um crescimento médio de 73% nos recursos administrados e as sobras das cooperativas de crédito do Sicredi devem somar, em dezembro, R$ 13 milhões. Duas cooperativas paranaenses, a Sicredi Maringá e a Sicredi Medianeira, estiveram sempre nos primeiros lugares em recursos administrados, entre todas as cooperativas Sicredi dos cinco estados. “Destaca-se também o cooperativismo de crédito urbano como um novo e importante instrumento dos trabalhadores”, afirma Koslovski.
Infra-estrutura – As dez cooperativas, com 8.371 integrantes, administram 1.442 km de redes de distribuição de energia. Passam por uma fase de adaptações em função das novas regras do setor e estão partindo para a instalação de pequenas centrais de produção de energia.
Saúde – Há 34 cooperativas da área de saúde, incluindo os sistemas Unimed e Uniodonto, com quase 30 mil associados. É um sistema que presta grandes serviços ao próprio país, que é incapaz de dar atendimento adequado a toda população. Além de facilitar a independência dos profissionais da área, o ramo de saúde do Cooperativismo dá grande contribuição para o equilíbrio preços praticados pelo sistema de prestação de serviços médios. No Paraná, apenas o sistema Unimed possui mais de 860 mil usuários.
Educacional – Embora as cooperativas desse ramo sejam apenas 10, com pouco menos de 2 mil cooperados, o setor está se reestruturando, contanto com apoio do sistema Ocepar que, em parceria com a área educacional do Estado busca a revitalização das cooperativas dos colégios agrícolas. Num estado onde o Cooperativismo tem forte participação das cooperativas é estratégico fortalecer as cooperativas desse ramo. A Ocepar participa do Conselho Especializado do Ramo Educacional, junto à OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras, visando contribuir para o desenvolvimento do setor.
Ramo transporte – É o mais novo ramo de cooperativas, desmembrado do de trabalho em função do mesmo ter ocorrido na OCB. Há 10 cooperativas filiadas à Ocepar, com 1.553 associados. Os profissionais do setor buscam, através da organização, seu fortalecimento como categoria que busca a valorização e reconhecimento do seu trabalho. Há um amplo espaço para crescimento.
Trabalho – As 21 cooperativas deste ramo reúnem mais de 12 mil integrantes, que buscam forma alternativa e independente de remuneração. É o ramo que apresenta o maior número de intenção de constituição de novas cooperativas, demonstrando um amadurecimento dos trabalhadores. É uma alternativa inteligente à terceirização no fornecimento de mão-de-obra, pois a cooperativa não aceita a intermediação.
Turismo – É o mais novo ramo surgido no Paraná, tendo apenas uma cooperativa com 130 associados. Essa ramos ainda está em fase de organização, mas poderá ter grande sucesso em função do grande potencial turístico oferecido pelo Paraná. Várias cooperativas agropecuárias estão apoiando o trabalho realizado pelo Sistema Ocepar, de organização do setor nas principais regiões turísticas do planalto dos Campos Gerais.
Habitacional – Embora apenas duas cooperativas estejam atuando atualmente, reunindo 152 cooperados, esse ramo pode representar uma grande economia de recursos aos que desejam se organizar para obtenção da casa própria. Depende da vontade de grupos se organizarem com o objetivo específico de obtenção da moradia.
Consumo – No Paraná há 3 cooperativas de consumo, com 1.900 integrantes. A grande concorrência oferecidas pelos grupos multinacionais capitalistas tem sido um sério entrave ao crescimento desse ramo de cooperativas que, no entanto, pode ser uma alternativa importante para aquisição de mercadorias a custo acessível.
Conquistas
Renegociação das dívidas agrícolas Os investimentos do setor agropecuário quase sempre apresentam maturação longa em função da estreita margem de lucro. Em função disso, os prazos curtos dos financiamentos agroindustriais e as oscilações do mercado causam, periodicamente, dificuldades de viabilização dos investimentos realizados. A renegociação dos passivos tem sido a forma de contornar esse problema. Durante o ano o sistema cooperativista se beneficiou de negociações em várias frentes:
Securitização – Aprovação da Lei 10.437, em 25/04/2002, que concedeu prazo até 29/06/2002 para regularização do pagamento das parcelas em atraso, e permitiu o alongamento do prazo de pagamento das parcelas até 2025, com dispensa do acréscimo da variação do preço mínimo estipulado contratualmente e manutenção do juro de 3% ao ano. Também ficou mantido o bônus de adimplência e, no caso de liquidação antecipada, foi estabelecido o bônus de 20% para operações de até R$ 10 mil; e de 10% para operações superiores a esse valor. O prazo anterior era de até 10 anos e os encargos eram de equivalência em produto mais 3% de juros ao ano.
Pesa - Os encargos financeiros foram reduzidos para IGP-M, limitados ao máximo de 9,5% ao ano, acrescidos de juros de 3%, 4% e 5% ao ano. O prazo para formalização da renegociação foi prorrogado para 31/03/2003. Os encargos anteriores eram de IGP-M mais 8%, 9% ou 10% de juros (IGP-M foi de 20,78% de janeiro a novembro de 2002).
Recoop - O Programa de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária estabeleceu, a partir de 25/04/2002, uma taxa efetiva de juros de 9,75% ao ano, em substituição aos encargos financeiros pactuados de IGP-DI mais 4% ao ano ( IGP-DI de janeiro a novembro de 2002 foi de 23,08%). A redução dos encargos financeiros permitirá uma economia de cerca de R$ 63 milhões, neste ano, para o setor cooperativista estadual.
Leite - Inclusão do Leite na Política de Garantia de Preços Mínimos, com possibilidade de realização de EGF sem opção de venda.
Plano safra - Inclusão da destoca como item financiável no Programa de Solos – Prosolo, agilizando a implantação do Programa do Arenito. Criou-se, ainda, os programas apoio ao plantio de florestas e de correção de solos.
Cooperativismo de crédito – Atendendo argumentação das lideranças cooperativistas, o Banco Central ajustou o “Fator F” das cooperativas de crédito, que é o índice que determina o volume de recursos do patrimônio líquido para garantir as operações financeiras. O reajuste igualou as exigências de patrimônio líquido das cooperativas de crédito filiadas a centrais às dos bancos comerciais, ampliando sua capacidade de financiamento e aumentando em R$ 80 milhões os recursos equalizáveis.
ICMS - Através de atuação junto às lideranças políticas do Estado (Governo e Assembléia Legislativa), obteve-se a retroatividade dos efeitos das leis que equipararam as alíquotas de ICMS às praticadas pelo Estado de São Paulo. A adoção de novos critérios para cálculo do ICMS gerado no período de vácuo legal, entre o fim do sistema antigo e o novo, trouxe justiça fiscal às empresas do Paraná. Ainda na área de ICMS, o Conselho Nacional de Política Fazendária – Confaz celebrou convênios (ICMS 102, de 28 de setembro de 2002, ICMS 24, de 15 de março de 2002 e ICMS 116, de 20 de setembro de 2002) autorizando o Estado do Paraná, dentre outros, a conceder alongamento de débitos fiscais ocorridos até 31 de dezembro de 2001.
Realizações
Sanidade agropecuária – O Sistema Ocepar participou do esforço conjunto da Seab, Faep e outras instituições para criação do sistema de rastreabilidade de bovinos, pelo Ministério da Agricultura, e permissão para que a Secretaria da Agricultura do Paraná obtivesse o credenciamento para executar a rastreabilidade no Paraná. O empenho do Cooperativismo nessa área tem uma razão muito importante: a ampliação das vendas de carnes ao exterior depende, em primeiro lugar, da garantia sanitária que o Paraná pode oferecer.
Programa de recolhimento de embalagens vazias – Implantação e início de operação das centrais e postos de coleta de embalagens vazias de agroquímicos. A Ocepar atuou decisivamente para que a coleta de embalagens seja efetuada de forma racional e segura, em benefício do meio ambiente. O sistema, implantado com o decisivo apoio das cooperativas, permite o recolhimento das embalagens de agroquímicos com o menor deslocamento possível dos agricultores.
Desenvolvimento e autogestão –A Ocepar ficou responsável para acompanhar o desempenho dos indicadores econômicos e financeiros das filiadas. Esse trabalho vem sendo realizado por profissionais do Sescoop, que realizam estudos e análises da atuação das cooperativas, visando orientá-las para que obtenham a melhor eficiência. Diagnósticos de situações, estudos de viabilidade econômica, emissão de pareceres técnicos e outros trabalhos, visando conhecer a situação das empresas e orientá-las na consolidação de seus negócios, são algumas das ações desenvolvidas durante o ano. A atuação do sistema Ocepar nessa área tem por objetivo principal manter e ampliar a performance das cooperativas paranaenses. Também executa o Procoope - Programa de Apoio Integral às Pequenas Cooperativas, objetivando acompanhar o desempenho das pequenas cooperativas e orientá-las para se adequarem à legislação e buscarem novas alternativas de desenvolvimento.
Novo sistema de informação – Para prestar serviços de forma ágil e segura, a Ocepar realizou importantes investimentos na área de informática durante o ano, destacando-se a o Sistema de Informação utilizando-se da Internet. O sistema é interativo, permitindo a comunicação do Sistema Ocepar com clientes e dos clientes com as cooperativas paranaenses. Os interessados podem obter informações completas sobre Cooperativismo e, inclusive, realizar a intenção de compra de produtos disponibilizados pelas cooperativas através do Centro de Negócios
Comunicação com o sistema – Por ser integrado por milhares de associados nos diversos ramos e em função de sua representatividade econômica e social, o sistema cooperativista desperta a atenção de toda a sociedade, principalmente da imprensa. Em função disso a Ocepar tem dado atenção especial à comunicação com as associadas, com os cooperativistas e com toda a população, desenvolvendo inúmeras ações para isso. A elaboração do informativo eletrônico diário Paraná Cooperativo, a atualização do sistema de informações na Internet, a produção distribuição de boletins informativos para rádio, através de arquivos de voz, e o atendimento à imprensa visam manter funcionando esse canal de comunicação. Entre as ações do setor neste ano destaca-se a produção uma campanha de divulgação institucional através de emissoras de rádio, com apoio do Denacoop, visando a valorização do Cooperativismo.