Cooperativas de leite do Sudeste se unem para enfrentar concorrência

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Um grupo de 25 cooperativas de laticínios de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Espírito Santo planeja se unir para compartilhar sistemas de distribuição de produtos lácteos e montar um pool para a comercialização de leite fluído. Em reunião, há duas semanas, em Araxá (MG), as 25 cooperativas - entre as quais seis centrais - , comprometeram-se a trabalhar de forma integrada na comercialização e distribuição de produtos lácteos. "Estamos chamando de integração horizontal. As identidades serão mantidas, mas as cooperativas passarão a trabalhar de forma integrada na comercialização", explica Jacques Gontijo, vice-presidente da mineira Itambé e coordenador da Câmara Setorial de Leite da OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras. Por meio do pool de comercialização para o leite, as cooperativas esperam obter melhores preços ao negociar maiores volumes, segundo Gontijo.

Cepea - Dentro do plano de "integração horizontal", o grupo contratou o Cepea para fazer levantamento das cotações de produtos lácteos. Com o monitoramento, o setor espera negociar melhor. De acordo com Gontijo, as 25 cooperativas são responsáveis pela captação de 8 milhões de litros de leite/dia. Desse volume, 1,5 milhão de litros vão para o mercado spot (negociação à vista entre cooperativas e indústrias). Um dos objetivos da integração na comercialização é reduzir a pressão dessa oferta no mercado. Com a integração dos sistemas de distribuição, as cooperativas querem reduzir custos logísticos. Ainda não há cálculos sobre quanto seria essa redução.

Censo - Vicente Nogueira, diretor do departamento econômico da CBCL - Confederação Brasileiras das Cooperativas de Laticínios, afirma que um censo recente do setor revelou que as cooperativas respondem por 40% da captação de leite no país. Apesar desse volume importante numa produção estimada em 21 bilhões de litros no ano, as cooperativas atuavam de forma isolada. A partir daí surgiu a idéia da integração. "O objetivo é fortalecer a indústria cooperativista. Precisamos ser eficientes para ocuparmos mais espaços no mercado doméstico e na exportação", afirma Nogueira. A CBCL é a responsável pela montagem do modelo de integração das cooperativas.

Unidade industrial - Além da integração da comercialização, que deve começar a funcionar em janeiro, o grupo de cooperativas também planeja construir uma unidade industrial para a produção de leite em pó, queijo e leite condensado. A nova indústria absorveria o volume diário de 1,5 milhão de litros de leite fluído do mercado spot. "A meta é reduzir a dependência das grandes indústrias", afirma Jacques Gontijo. Iinvestimento previsto na construção da nova planta é de R$ 200 milhões. O grupo deve buscar recursos no BNDES e estuda um modelo de financiamento. A idéia, segundo Gontijo, é que as 25 cooperativas façam aportes de capital proporcionais ao volume de leite que fornecerem para industrialização na nova unidade. Se aprovada, a nova indústria deve entrar em operação 18 meses após o início da construção, diz o vice-presidente da Itambé. Ele informa que um volume de 30% da produção da nova indústria seria destinado à exportação. (Fonte: Valor Econômico)

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